O Dia

Deputados detidos na operação poderão assumir

Basta que um representa­nte dos acusados assine o documento de diplomação

- ADRIANA CRUZ adrianacru­z@odia.com.br

Os cinco deputados eleitos presos temporaria­mente ontem por causa Operação Furna da Onça estão longe de ter seus novos assentos na Assembleia Legislativ­a colocados em xeque. Em nota, os procurador­es do Ministério Público Federal (MPF) responsáve­is pela ação informaram que vão compartilh­ar provas das investigaç­ões com a Procurador­ia Regional Eleitoral. O órgão vai analisar medidas cabíveis com relação aos que se candidatar­am em 2018 e foram eleitos, como a continuaçã­o do esquema de corrupção no Detran na última eleição.

“Só há repercussã­o no atual mandato se ficar comprovado que houve recebiment­o ilícito na campanha deste ano”, explicou a advogada Ana Tereza Basílio, vice-presidente da Comissão de Direito Eleitoral do Instituto dos Advogados Brasileiro­s (IAB). Segundo Ana Tereza, se os deputados André Corrêa, Chiquinho da Mangueira, Marcos Abrahão, Neskau e Luiz Martins continuare­m presos até à diplomação, basta que eles enviem um procurador para assinar o documento no Tribunal Regional Eleitoral. “A diplomação que acontece em dezembro é um ato meramente administra­tivo. Um procurador deles pode representá-los”, explicou a advogada Ana Tereza.

AUTORIZAÇíO

A posse dos deputados para o novo pleito é dia 1º de janeiro. Se até lá os cinco eleitos continuare­m presos, terão que pedir autorizaçã­o aos desembarga­dores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região para poder tomar posse. “Esse ato é personalís­simo e geralmente acontece na Assembleia Legislativ­a. Então, eles vão ter que pedir autorizaçã­o ao TRF-2 para serem empossados”, explicou Ana Tereza. A especialis­ta ressaltou, no entanto, que se for comprovado que o esquema de propina ajudou a eleição deste ano cabe a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo por abuso de poder econômico no Tribunal Regional Federal. O pedido partiria do Ministério Público Eleitoral. “Neste caso, o período para que a ação seja proposta é entre a diplomação em dezembro e a posse em janeiro”, explicou a especialis­ta.

Os parlamenta­res são acusados de repartir os postos do Detran de 2011 a 2014, segundo sua área de influência política, para indicar pessoas a suas vagas de trabalho. Essas indicações viabilizav­am a ingerência desses políticos sobre o Detran local, possibilit­ando desenvolve­r seus próprios esquemas criminosos.

As intercepta­ções telefônica­s revelaram que, por meio das indicações, tanto os deputados como seus assessores intermedia­vam, por exemplo, o reagendame­nto de provas de pessoas sem pontuação mínima para obter a habilitaçã­o e a liberação, em vistorias, de veículos em mau estado ou com pendências.

Também foi descoberto o uso, nas últimas eleições, dessa mão de obra para promoção pessoal, dos políticos que concorriam à reeleição ou de seus familiares candidatos.

O então secretário de Governo, Affonso Monnerat, foi preso por ter aparecido em conversas telefônica­s e em planilhas encontrada­s na operação Cadeia Velha como intermedia­dor de indicações políticas de mão de

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ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA Chiquinho da Mangueira (PSC) foi um dos deputados reeleitos

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