O Dia

Funcionári­os de deputados presos são acusados de movimentar milhões

Investigaç­ão aponta que servidores fizeram operações financeira­s suspeitas envolvendo R$ 30 milhões

- ADRIANA CRUZ adrianacru­z@odia.com.br

Servidores dos dez deputados presos acusados de transforma­r a Assembleia Legislativ­a (Alerj) em uma propinolân­dia são usados como ‘soldados’ do esquema de corrupção. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeira­s (Coaf ) identifica­ram na operação ‘Furna da Onça’ que só funcionári­os dos gabinetes dos deputados Luiz Martins (PDT), coronel Jairo (SD), Marcos Abrahão (Avante), e André Corrêa (DEM), fizeram movimentaç­ões suspeitas de mais de R$ 30 milhões, entre 2011 e 2014. Chiquinho da Mangueira (PSC), também presidente da Verde e Rosa montou outro esquema: segundo o Coaf, utilizou o Instituto Mangueira e a mãe, Maria Celeste Ferreira de Oliveira. Em 2017, sem levar em conta as operações em espécie, chamam a atenção a movimentaç­ão de mais de R$ 30 milhões.

Oito funcionári­os e ex-servidores dos parlamenta­res foram presos, entre eles, a chefe de gabinete de Marcos Abrahão, Alcione Chaffin de Andrade Fabri, que só entre 2016 e 2017 ‘mexeu’ com R$ 845 mil, e Shirley Aparecida Martins Silva, ex-chefe de Gabinete de Edson Albertassi, que era subsecretá­ria de Estado de Ciência e Tecnologia, Inovação e Desenvolvi­mento Social. Ela é apontada como peça-chave no esquema montado por Albertassi que teria recebido entre mensalinho­s e prêmios R$ 4,8 milhões.

O gabinete do deputado Luiz Martins é apontado como o recordista de movimentaç­ão financeira suspeita — R$ 18 milhões. Em 2016, há rastreamen­to de um servidor que movimentou sozinho R$ 1,4 milhões. Mas o maior fiel escudeiro de Martins seria seu enteado, o vereador Daniel Martis (PDT), que também foi preso. Ele foi reconhecid­o como o responsáve­l por receber dinheiro ilícito por um funcionári­o dos doleiros Leandro Barboza e Vinicius Claret. De uma tacada só, Daniel, que foi servidor da Alerj em 2009, recebeu R$ 400 mil.

No ranking do Coaf, o gabinete do Coronel Jairo é o segundo com R$ 10 milhões. Mas, no pedido de prisão do Ministério Público, conta que ele recebia o dinheiro pessoalmen­te.

SEGUIDORES FIÉIS

Os servidores são seguidores fiéis dos deputados. José Antônio Wermelinge­r Machado foi funcionári­o da Alerj de 2002 a 2015, na maioria das vezes, no gabinete de André Corrêa. Em 2015 doou R$ 205 mil para campanha. Seguiu Corrêa na Secretaria Estadual de Meio Ambiente, quando o parlamenta­r saiu, ele foi o secretário interino. Em 2018, voltou à Alerj. Sozinho, em 2012, Machado movimentou mais de R$ 1 milhão. Marcus Vinicius, o Neskau, acusado de receber R$ 2,4 milhões pessoalmen­te não larga de um assessor que o acompanhou na Secretaria de Envelhecim­ento Saudável e Qualidade de Vida, em 2013.

Gabinete de Luiz Martins teria recorde de movimentaç­ão suspeita, com R$ 18 milhões

 ?? ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA ?? Chiquinho da Mangueira (de branco), um dos presos na operação, teria utilizado o Instituto Mangueira e a própria mãe, Maria Celeste
ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA Chiquinho da Mangueira (de branco), um dos presos na operação, teria utilizado o Instituto Mangueira e a própria mãe, Maria Celeste

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil