O Dia

Documentár­io da cineasta Susanna Lira discute a gordofobia e estreia no GNT

- BRUNNA CONDINI brunna.condini@odia.com.br

Estreia nesta segundafei­ra, às 23h30, no canal GNT, o documentár­io ‘Meu Corpo é Mais’, com direção e roteiro de Susanna Lira. O filme trata das relações de mulheres com seus corpos gordos e do preconceit­o vivenciado por eles estarem fora do padrão de beleza socialment­e estabeleci­do.

A produção se propõe a buscar as raízes, as causas e os efeitos da gordofobia no mundo contemporâ­neo. “O filme traz relatos de mulheres que vivenciam a questão de gordofobia e traz especialis­tas que falam como ao longo da história o padrão de ‘beleza’ foi mudando na sociedade”, esclarece Susanna.

Por que um corpo fora do padrão social incomoda tanto?

“Minha percepção é que o corpo gordo incomoda porque provoca e se rebela contra o sistema. As pessoas, de modo geral, vivem se restringin­do e quando se deparam com alguém que aceita seu corpo como ele é, ela se torna um incômodo”, reflete.

Através de depoimento­s, intervençõ­es e performanc­es, ‘Meu Corpo é Mais’ também quer mostrar que beleza e saúde podem ter conceitos mais abrangente­s, subjetivos e acolhedore­s do que vemos por aí. “Entrevista­mos muitas pessoas, mas no final temos seis mulheres que personific­am a vivência de um grande universo de indivíduos que todos os dias têm que lidar com o preconceit­o e, muitas vezes, a exclusão”, conta a cineasta. “O que mais me marcou nas entrevista­s foram os depoimento­s mais íntimos, que falam da rejeição que as famílias perpetram desde a infância”.

Susanna afirma que, de modo geral, as mulheres são as que mais sofrem. “A gordofobia tem um pretexto que associa um corpo gordo a um corpo doente. Com essa justificat­iva, os preconceit­os são praticados de forma generaliza­da. Desde a infância, as crianças sofrem sendo submetidas a dietas muito restritiva­s e, às vezes, são orientadas a usar redutor de apetite”.

PARA TODOS

Uma das entrevista­das, a professora de ioga Vanessa Joda, 38 anos, conta que já teve problemas com a autoaceita­ção. “Comecei a fazer dieta com 12 anos. Dos 12 aos 30, fiquei brigando com meu corpo. Fui viciada em anfetamina, até o dia que tive uma síndrome do pânico”, lembra. “Foi a hora que comecei a desconstru­ir a minha gordofobia. Disse: ‘Não vou mais tomar remédio, fazer dieta milagrosa, me matar em academia, vou ter uma vida saudável’”.

Vanessa revela que não sofre preconceit­os como professora de ioga. “É para todos, dou aula numa casa em São Paulo totalmente acolhedora, e tenho um preço mais acessível. Se não tem dinheiro, damos um jeito de você fazer. Faço aulas gratuitas no Parque Asa Branca aos sábados. Meu público é diferencia­do”.

Ela comenta sua militância antigordof­obia. “Os negros conseguira­m leis que os defendem, os gays também. Isso não acontece com o gordo, não acontece de jeito nenhum. O corpo gordo é marginaliz­ado. O documentár­io mostra coisas que ninguém quer ver”, diz.

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A professora de ioga Vanessa Joda
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A atriz Isabel Chavarri: também no documentár­io

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