Documentário da cineasta Susanna Lira discute a gordofobia e estreia no GNT
Estreia nesta segundafeira, às 23h30, no canal GNT, o documentário ‘Meu Corpo é Mais’, com direção e roteiro de Susanna Lira. O filme trata das relações de mulheres com seus corpos gordos e do preconceito vivenciado por eles estarem fora do padrão de beleza socialmente estabelecido.
A produção se propõe a buscar as raízes, as causas e os efeitos da gordofobia no mundo contemporâneo. “O filme traz relatos de mulheres que vivenciam a questão de gordofobia e traz especialistas que falam como ao longo da história o padrão de ‘beleza’ foi mudando na sociedade”, esclarece Susanna.
Por que um corpo fora do padrão social incomoda tanto?
“Minha percepção é que o corpo gordo incomoda porque provoca e se rebela contra o sistema. As pessoas, de modo geral, vivem se restringindo e quando se deparam com alguém que aceita seu corpo como ele é, ela se torna um incômodo”, reflete.
Através de depoimentos, intervenções e performances, ‘Meu Corpo é Mais’ também quer mostrar que beleza e saúde podem ter conceitos mais abrangentes, subjetivos e acolhedores do que vemos por aí. “Entrevistamos muitas pessoas, mas no final temos seis mulheres que personificam a vivência de um grande universo de indivíduos que todos os dias têm que lidar com o preconceito e, muitas vezes, a exclusão”, conta a cineasta. “O que mais me marcou nas entrevistas foram os depoimentos mais íntimos, que falam da rejeição que as famílias perpetram desde a infância”.
Susanna afirma que, de modo geral, as mulheres são as que mais sofrem. “A gordofobia tem um pretexto que associa um corpo gordo a um corpo doente. Com essa justificativa, os preconceitos são praticados de forma generalizada. Desde a infância, as crianças sofrem sendo submetidas a dietas muito restritivas e, às vezes, são orientadas a usar redutor de apetite”.
PARA TODOS
Uma das entrevistadas, a professora de ioga Vanessa Joda, 38 anos, conta que já teve problemas com a autoaceitação. “Comecei a fazer dieta com 12 anos. Dos 12 aos 30, fiquei brigando com meu corpo. Fui viciada em anfetamina, até o dia que tive uma síndrome do pânico”, lembra. “Foi a hora que comecei a desconstruir a minha gordofobia. Disse: ‘Não vou mais tomar remédio, fazer dieta milagrosa, me matar em academia, vou ter uma vida saudável’”.
Vanessa revela que não sofre preconceitos como professora de ioga. “É para todos, dou aula numa casa em São Paulo totalmente acolhedora, e tenho um preço mais acessível. Se não tem dinheiro, damos um jeito de você fazer. Faço aulas gratuitas no Parque Asa Branca aos sábados. Meu público é diferenciado”.
Ela comenta sua militância antigordofobia. “Os negros conseguiram leis que os defendem, os gays também. Isso não acontece com o gordo, não acontece de jeito nenhum. O corpo gordo é marginalizado. O documentário mostra coisas que ninguém quer ver”, diz.