O Dia

Fundão: mais crimes, menos segurança

Guaritas estão abandonada­s, algumas abrigam moradores de rua. Estudantes dizem ter medo

- RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Mesmo diante da escalada da violência no campus da UFRJ, a pró-reitoria anunciou que 84 vigilantes terceiriza­dos serão demitidos.

Há anos alvo constante de criminosos, o Campus do Fundão, na Ilha do Governador, vai começar 2019 com ainda menos segurança. Na última terça-feira, a Pró-Reitoria da Universida­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) informou ao Sindicato dos Vigilantes do Município do Rio (SindVig) que 84 vigilantes terceiriza­dos, das empresas Angel e Font Segurança, serão dispensado­s a partir de 1º de janeiro. Atualmente, 552 seguranças estão espalhados pelos prédios da instituiçã­o.

Segundo o SindVig, os crimes têm sido frequentes por conta da diminuição dos vigilantes e da falta de policiamen­to da Polícia Militar. “Há uma decisão unilateral de diminuir os vigilantes. Não houve uma conversa com a comunidade acadêmica”, lembra Antônio Carlos de Oliveira, presidente do sindicato, acrescenta­ndo que, em 2016, o número de seguranças ultrapassa­va 700.

A diminuição do número de seguranças no campus é motivo de preocupaçã­o para os alunos e funcionári­os. Segundo eles, os crimes costumam acontecer, entre as 15h e 19h, em locais como o estacionam­ento do Centro de Tecnologia (CT) e da Reitoria, que ficam a poucos metros da Linha Vermelha. “Evitamos algumas passagens e só há algum tipo de segurança quando as aulas começam”, lembra a estudante de Geografia Letícia Mendonça, de 21 anos.

O universitá­rio Rodrigo Lourenço, 22 anos, compartilh­a a mesma opinião. “Meus amigos e colegas não estacionam mais no CT com medo de serem assaltados ou sequestrad­os. Muitos estão deixando seus carros aqui no Centro de Ciências Matemática­s e da Natureza (CCMN)”, conta o jovem. “Acreditamo­s que com a diminuição dos seguranças teremos maior sensação de inseguranç­a e os crimes aumentarão”, completa o estudante.

Acreditamo­s que com a diminuição dos seguranças teremos maior sensação de inseguranç­a e os crimes aumentarão RODRIGO LOURENÇO, universitá­rio

Há uma decisão unilateral de diminuir os vigilantes. Não houve conversa com a comunidade acadêmica ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA, presidente do SindVig

Em nota, a UFRJ informou que “devido a cortes orçamentár­ios sofridos desde 2014, a universida­de está operando em déficit de aproximada­mente R$ 100 milhões. Por esse motivo, uma readequaçã­o do contrato foi necessária. Entretanto, apesar da redução, todas as unidades da universida­de continuarã­o com postos de vigilância”. Conforme a instituiçã­o, atualmente são 552 vigilantes e 84 serão desligados.

Já a PM afirmou que a Ilha do Fundão conta com patrulhame­nto feito por rondas do 17º BPM, além de baseamento­s em determinad­os pontos para coibir ações criminosas na área. Segundo a instituiçã­o, o policiamen­to é readequado a partir da análise da mancha criminal. “Cabe ressaltar ainda que as equipes policiais que trabalham no campus também são empenhadas no atendiment­o ao cidadão pelo 190”. Por fim, a PM disse que mantém contato com a Prefeitura Universitá­ria e a Coordenaçã­o de Segurança da UFRJ para troca de informaçõe­s que possam auxiliar na atuação dos policiais militares.

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ESTEFAN RADOVICZ
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ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA Em algumas áreas do campus da instituiçã­o é visível o abandono, com instalaçõe­s quebradas e pichações. Local também é rota de bandidos e inseguranç­a toma conta da região
 ?? ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA ?? Estudantes de Geografia, Letícia Mendonça e Rodrigo Lourenço reclamam da segurança no campus
ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA Estudantes de Geografia, Letícia Mendonça e Rodrigo Lourenço reclamam da segurança no campus

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