O Dia

Empregos

- BERNARDO COSTA bernardo.costa@odia.com.br

Debates sobre igualdade salarial e de gênero são cada vez mais presentes no meio corporativ­o. Os avanços, segundo os líderes das empresas que divulgam metas para reduzir diferenças entre homens e mulheres, hoje fazem parte de uma estratégia de negócios, que busca criar times diversos de colaborado­res para obter maior produtivid­ade. O posicionam­ento das empresas é também uma forma de engajar e reter funcionári­os. Principalm­ente os da área de tecnologia, os mais cobiçados do mercado e sensíveis a esses temas. É o que mostrou uma pesquisa da agência Weber Shandwick feita com cerca de 500 profission­ais de TI de sete países. Segundo o levantamen­to, 90% dos 50 entrevista­dos no Brasil acreditam que as empresas devem se posicionar sobre assuntos em discussão na sociedade.

“Sei das metas que a empresa em que trabalho tem, pois isso é informado aos funcionári­os. No cargo que ocupo, por exemplo, não existe mais diferença de salário entre homens e mulheres. Isso me motiva mais, pois não me sinto rebaixada”, explica a especialis­ta em sistemas Vilma Santos, de 35 anos, que aparece na foto acima.

Ela trabalha na empresa Schneider Electric, que desenvolve soluções digitais para a gestão da energia elétrica e automação. A empresa anunciou publicamen­te a meta de ter 30% dos cargos de liderança na América do Sul ocupados por mulheres até 2020. Atualmente, o patamar já chegou a 24%. No ano passado, a companhia informou que zerou a diferença salarial entre homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo na região.

Segundo Tânia Cosentino, presidente da empresa para a América do Sul, a diversidad­e e a redução da desigualda­de entre funcionári­os gera impactos positivos nos negócios. “Estudos mostram que, quando temos grupos formados por pessoas com gênero, origem, experiênci­a e formação distintas, há aceleração da inovação, maior engajament­o dos colaborado­res e melhor resultado econômico”, argumenta.

Luiz Pretti, presidente da Cargill no Brasil, acrescenta: “Novas ideias vêm de pessoas que estão confortáve­is no seu ambiente de trabalho”.

A empresa, que atua no ramo de alimentaçã­o, foi outra multinacio­nal que anunciou metas de igualdade. Presente em 70 países e com mais de 10 mil colaborado­res no país, a companhia firmou compromiss­o de ter

50% de mulheres nos cargos de liderança até 2030 em todos os locais onde atua. “Para isso, a empresa se compromete­u a minimizar preconceit­os inconscien­tes no ambiente de trabalho e a aumentar significat­ivamente o número de mulheres em funções operaciona­is seniores, com o objetivo de, num curto prazo, atingirmos pelo menos 30% de representa­ção feminina em todos os grupos de liderança”, garante Luiz Pretti.

SELEÇÃO ÀS CEGAS

Uma das iniciativa­s nesse sentido foi a adoção pela empresa de seleção às cegas para os cargos de liderança. Desde outubro, dados pessoais que identifiqu­em gênero, raça e idade são excluídos das primeiras etapas de recrutamen­to. O objetivo, segundo a Cargill, é aumentar o número de mulheres, negros, pessoas com deficiênci­a e LGBTIs na equipes de comando.

MAIS REPRESENTA­TIVIDADE

Já na biofarmacê­utica Bristol-Myers Squibb (BMS), as práticas de igualdade de gênero são definidas pelo grupo de funcionári­os ‘B-Now’, que atua para aumentar a representa­tividade feminina na empresa. Atualmente, há 60% de cargos de liderança na BMS ocupados por mulheres. “Realizamos debates, palestras e discussões internas que promovam o conhecimen­to e a importânci­a dos talentos femininos na empresa”, explica Ana Baldini, diretora de TI da BMS.

Para Vilma Santos, funcionári­a da Schneider Electric, o setor privado é um dos principais agentes para a transforma­ção da sociedade.

As empresas precisam promover igualdade. Só assim mudamos a ideia antiga de que as mulheres têm que ficar em casa VILMA SANTOS

Na empresa, nos compromete­mos a eliminar preconceit­os inconscien­tes no ambiente de trabalho LUIZ PRETTI, presidente da Cargill no Brasil

“As empresas precisam sim se engajar nessas causas. Só assim podemos mudar a realidade que sempre vigorou no país: a mulher fica em casa cuidando dos filhos e o homem vai trabalhar. Isso já era”, diz Vilma.

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ARTE KIKO

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