O Dia

Falta inseticida para combate ao mosquito Aedes no Rio

Enquanto número de casos das doenças explode no estado, estoque do produto está baixo, diz Secretaria de Saúde.

- RENAN SCHUINDT renan.schuindt@odia.com.br

Oestoque de inseticida para combater o Aedes aegypti no Estado do Rio é insuficien­te. O alerta foi feito pelo superinten­dente de Vigilância Epidemioló­gica da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Mário Sérgio Ribeiro, durante uma audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativ­a do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), na segunda-feira.

Segundo Ribeiro, cerca de 300 mil litros do produto usado nas ações contra o mosquito que transmite dengue, zika e chikunguny­a tiveram que ser recolhidos. Um problema na fórmula do inseticida faz com que ele cristalize e entupa dos equipament­os usados pelo órgão.

“Foi feita uma compra pelo Ministério da Saúde e o produto distribuíd­o estava com problema na formulação. A expectativ­a é de que os números de casos diminuam com a chegada do inverno para que não haja dependênci­a do inseticida”, afirmou o superinten­dente.

Ribeiro enfatizou que ainda não há previsão para o reabasteci­mento e que foi feita uma tentativa, com o Ministério da Saúde, de revalidar o produto disponível, mas a ideia não teve aprovação técnica. A Secretaria de

Realmente, a gente percebe a falta dele (fumacê). Tem muito tempo que não vejo o carro passando pelo bairro”

MARIANA MARTINS, bióloga

Estado de Saúde afirmou, por meio de nota, que recebeu apenas 31% dos litros de inseticida solicitado­s ao Ministério da Saúde, este ano. O Ministério respondeu que já iniciou processo de substituiç­ão de alguns produtos com base nas orientaçõe­s da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS).Embora seja o último estágio para frear os avanços de doenças como dengue, zika e chikunguny­a, o inseticida faz falta em algumas regiões, onde é necessário fazer um cordão de isolamento para conter o avanço do mosquito.

Ribeiro apresentou dados atualizado­s da Secretaria de Estado de Saúde das arbovirose­s.Entre janeiro e 4 de junho deste ano, houve 41.888 casos de chikunguny­a, 20.622 casos de dengue e 1.005 pessoas infectadas por zika. Ao todo, 13 pessoas morreram, todas vítimas da chikunguny­a, sendo dez no município do Rio.

Os cariocas sentem no corpo o cresciment­o do número de casos da doença. É o caso de Ricardo Ruas, de 49 anos, morador de Guadalupe, na Zona Norte, que se recupera da chikunguny­a e não entende o sumiço do carro que passava espalhando o inseticida. “Eu gostaria de saber o que eles estão esperando para colocar em prática (o fumacê)? Várias pessoas já morreram”, afirma.

Já Mariana Martins, de 28 anos, é moradora de Ramos, na Zona Norte. Ela e a irmã tiveram chikunguny­a. A jovem reclama da ausência do carro fumacê. “Realmente, a gente percebe a falta dele. Tem muito tempo que não vejo o carro passando pelo bairro”, diz.

Apesar das queixas, o infectolog­ista da Fiocruz, Rivaldo Venâncio da Cunha, explica que o ideal é adotar novos métodos de combate ao mosquito. “Há mais de trinta anos que utilizamos esse sistema de combate ao mosquito e os índices só aumentaram. Está na hora de pensar outros meios, mais eficazes”, avaliou.

Para e deputada Martha Rocha (PDT), presidente da Comissão de Saúde da Alerj, o estado está diante de uma situação alarmante de saúde pública. “Já foram 13 mortes por chikunguny­a este ano, sendo que os especialis­tas ainda afirmam que a doença não é totalmente conhecida. Também há constantes falhas no diagnóstic­o e agora a notícia do desabastec­imento de inseticida­s”, disse.

Na opinião do deputado Márcio Gualberto (PSL), membro da Comissão e responsáve­l por solicitar a sessão na Alerj, o que falta é uma melhor campanha de conscienti­zação da população.”É preciso mudar a cultura para que a população faça a prevenção contra o mosquito dentro de casa, não deixando água parada, entre outras ações. Também acho que deva ter uma maior integração entre os poderes públicos municipais, estadual e federal para superarmos as epidemias”, disse.

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REPRODUÇÃO Mariana Martins, que teve chikunguny­a, sente falta do carro fumacê

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