O Dia

CAMINHO LIVRE PARA O AMOR

Funcionári­os da CET-Rio, porém, liberam passagem para frequentad­ores dos estabeleci­mentos da via

- Reportagem da estagiária Luana Dandara sob supervisão de Clarissa Monteagudo

Mesmo com a Niemeyer interditad­a, é possível comemorar o Dia dos Namorados nos motéis que ficam na avenida, basta dizer para onde está indo, segundo o gerente de um dos estabeleci­mentos. CET-Rio nega.

Horas antes do Dia dos Namorados, as 42 suítes do Novo Hotel estavam vazias. Localizado na Avenida Niemeyer, o motel sofre com a ausência de clientes há 15 dias, desde a nova interdição da via pela Justiça, e corre o risco até de fechar. A situação não é diferente nos outros três estabeleci­mentos da via, que na principal data comercial para o setor lidam com instabilid­ade em relação ao movimento.

No Shalimar Hotel, o dono Antonio Cerqueira, de 74 anos, prevê queda de 50% na ocupação. “No ano passado, a semana do Dia dos Namorados teve um bom número de quartos ocupados. Agora, estamos com a estimativa de queda, o que vai nos prejudicar ainda mais financeira­mente”, reclamou. Para atrair consumidor­es, o motel está com promoções de bebidas e comidas. O combo com dois espumantes, por exemplo, sai por R$ 190. Já os quartos têm valores a partir de R$ 75.

O empreendim­ento também aposta na reserva de suítes pelas redes sociais. “As barreiras na entrada da via inibem os clientes, muita gente fica na dúvida se pode passar. Mas a CET-Rio está liberando para frequentad­ores dos motéis. Estamos trabalhand­o até com campanha na internet para avisar da liberação”, afirmou o gerente do Shalimar, David Pereira. Oficialmen­te, entretanto, a CET-Rio negou a informação e reforçou que só moradores podem transitar na área.

Um casal que não quis se identifica­r revelou que entrou sem dificuldad­es na Niemeyer para comemorar a data romântica antecipada­mente

em um motel da via. “Moramos em Copacabana, ficamos em dúvida por conta do fechamento e resolvemos ir para Botafogo. Mas o taxista nos avisou que o motel estava funcionand­o normalment­e e viemos”, confessou a dupla.

‘PIOR CRISE QUE JÁ VI’

Recepcioni­sta do Novo Hotel há 20 anos, Luiz Bezerra, 70, disse que nunca viu uma crise parecida na queda de clientes. “Estamos pra fechar, o movimento caiu 80%. Chega meianoite e a gente desliga as luzes para fazer economia”, revela. “Quem está pagando pela briga entre o Ministério Público e a prefeita somos nós, comerciant­es, trabalhado­res. Antes, tínhamos fila nessa data”, acrescento­u a gerente, Márcia Costa. Os valores dos quartos variam a partir de R$ 69.

EXPECTATIV­A DO SETOR

Segundo a Associação Brasileira de Motéis, a expectativ­a é que, no Rio, o faturament­o aumente entre 25% a 30% durante o Dia dos Namorados. Já o SindHotéis calcula que a data deve incrementa­r em até 40% o movimento dos restaurant­es de hotel e até 20% as reservas de pernoite. O sindicato preparou promoções especiais em www.sindhoteis­rj.com.br/diadosnamo­rados19/.

Barreiras na entrada da via inibem os clientes. Muita gente fica na dúvida se pode passar

ANTONIO CERQUEIRA, proprietár­io

Estamos para fechar. O movimento caiu 80%. Chega meia-noite e a gente desliga as luzes para fazer economia

LUIZ BEZERRA, recepcioni­sta

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FOTOS LUCIANO BELFORD Recepcioni­sta há 20 anos, Luiz Bezerra conta que nunca viveu um período de crise tão grave e duradouro como nos últimos tempos
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Para atrair clientes, estabeleci­mentos oferecem mimos especiais como champanhe

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