Ministro Sergio Moro vai ao Senado explicar trocas de mensagens com procuradores
Ministro irá prestar esclarecimentos sobre trocas de mensagens na Comissão de Constituição e Justiça
Ovazamento de trocas de mensagens atribuídas ao então juiz Sergio Moro e a procuradores federais durante a Operação Lava Jato, em Curitiba (PR), já tem desdobramentos políticos para o principal envolvido na bomba que pode colocar em xeque a maior investigação de combate à corrupção no país. Moro foi chamado para prestar esclarecimentos sobre o caso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na próxima quarta-feira, dia 19. A informação foi dada ontem à tarde pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Reportagem do portal ‘The Intercept’ a partir de conversas extraídas do aplicativo Telegram acusa o ex-juiz, que deixou a magistratura para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo Jair Bolsonaro, de orientar ações e cobrar operações do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa. O aplicativo de mensagens
‘Não há evidência de qualquer invasão’, afirma perfil Telegram em rede social da internet
negou, pelo Twitter, que o vazamento seja fruto da ação de um hacker: “Não há evidência de qualquer invasão. É mais provável que tenha sido um malware (um tipo de vírus) ou alguém que não esteja usando uma senha de verificação em duas etapas”. Isso contraria a versão do Ministério da Justiça, que, em nota, considerou o caso como uma “invasão criminosa de celulares de juízes, procuradores e jornalistas”.
ENCONTRO COM BOLSONARO
Ontem de manhã, Moro se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, onde foi condecorado com a medalha da Ordem do Mérito Naval. Após ficarem a sós por menos de 30 minutos, eles embarcaram na lancha Amazônia da Marinha. “A conversa foi bastante tranquila. O ministro fez todas as ponderações ao presidente, que entendeu as questões que envolvem o caso”, disse outro trecho da nota do ministério. À tarde, Bolsonaro encerrou uma entrevista em São Paulo ao ser questionado sobre o caso.
Juristas ouvidos por O DIA avaliam o impacto que o episódio pode ter na Lava Jato. Para Manoel Peixinho, a legitimidade da prova deve ser levada em consideração. “Contudo, aqueles que foram grampeados não negaram as informações. É de uma gravidade sem precedentes, porque envolve um diálogo de um juiz e membros do Ministério Público, o que é vetado por lei. É o maior escândalo da República até agora”, avalia. “Isso necessariamente não significa a invalidade do processo, porque é preciso pegar todo o conjunto de provas e não só um fato isolado”, adverte o advogado Carlos Guerra. “O juiz não pode atuar em colaboração com o MP. Ele tem que se manter distante, imparcial”, argumenta o advogado Sérgio Batalha.