Maus-tratos contra população de rua
Um grupo de população de rua, que vive próximo à Praia de Botafogo, na Zona Sul do Rio, afirma ter tido todos os pertences levados durante uma ação da Secretaria Municipal de Ordem Pública e da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, ocorrida há cerca de 15 dias. A denúncia é do vereador Dr. Marcos Paulo (PSOL), que levou o caso à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogado do Brasil (OAB) e à Defensoria Pública. As secretarias negam.
“É inadmissível em qualquer momento, mas uma situação dessa em um período de inverno é muito pior. A Prefeitura retira o cobertor, a alimentação que eles conseguem comprar com muito sacrifício, retiram a ração dos animais. Vou apresentar um projeto para que os cães possam ser levados para os abrigos”, disse o vereador.
O casal Elson da Silva Rodrigues, de 60 anos, e Priscila do Nascimento, de 39, que ocupa uma praça em frente à Praia de Botafogo há quase três anos, conta que perdeu todos os pertences.
“Não deram direito de defesa, levaram tudo: os documentos, a caderneta de vacinação dos dois cães, Bethoven e Vida. Além de barraca de camping, alimentos e até o laudo de um exame de uma cirurgia de Priscila. A gente está dormindo em um papelão esses dias todos. Eu coloquei a mão no peito e comecei a cantar o hino nacional, aí eles recuaram um pouco”, contou Elson, que se recusa a abandonar os cães para ir para um abrigo.
A Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH) respondeu em nota que o objetivo das operações é ofertar acolhimento, encaminhando para a rede sócio-assistencial: “As equipes da SMASDH não recolhem os pertences dessas pessoas, assim como não fazem nenhuma orientação nesse sentido.”