O Dia

Legislação que obriga profission­al em condomínio­s gera polêmica e fecha espaços de ginástica

Ação no TJRJ quer barrar lei das academias

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Um absurdo”. É exatamente desta forma que o deputado estadual Alexandre Freitas (Novo) define a lei 8.070/18, aprovada em agosto de 2018, que obriga os condomínio­s com academia a manterem um professor de educação física quando o espaço for usado. O deputado acaba de entrar com uma ação de inconstitu­cionalidad­e contra a legislação. Desde a promulgaçã­o da lei, vários edifícios fecharam seus espaços de ginástica.

“É uma vergonha o estado intervir na vida das pessoas dessa forma. E o mais curioso são as brechas que a lei tem, como em casos de locais públicos. Não existe uma exigência de se ter um professor de educação física nas academias ao ar livre, mas o estado se acha no direito de obrigar os condôminos a contratare­m um profission­al, que é uma necessidad­e que deve ser percebida por cada um de nós” disse.

A representa­ção de inconstitu­cionalidad­e foi encaminhad­a ao Tribunal de Justiça e já foi aprovada. Agora, aguarda assinatura do desembarga­dor

responsáve­l para dar início à oficializa­ção dos órgãos públicos, que poderão se manifestar sobre o assunto. Ao todo, quatro argumentos são utilizados para dar embasament­o ao pedido de inconstitu­cionalidad­e.

“Em primeiro e segundo lugar, trata-se de assunto civil e de um órgão de classes, que são competênci­as da união. Existe uma lei federal que diz o que o CREF pode ou não fazer”,

Contrataçã­o de professor ou empresa pode onerar a taxa condominia­l em até 16%

diz o deputado, que questiona o poder do Conselho Regional de Educação Física da Primeira Região (CREF1).

“Uma lei estadual não pode dar poder de polícia, de fiscalizar e autuar, uma entidade de classe regida por uma regulament­ação federal. Há ainda o fato de obrigar uma atividade que não é de risco a contratar um serviço privado. É, basicament­e, a mesma coisa que o estado dizer que para comer será preciso consultar um nutricioni­sta”, afirmou o deputado.

Ainda segundo o parlamenta­r, diversos relatos têm chegado ao seu gabinete sobre o fechamento das academias de condomínio­s. “Os síndicos estão com medo da autuação e aplicação da multa pelo CREF. As discussões nas assembleia­s têm sido unanimes: todos os condomínio­s estão optando por fechar a academia e não onerar ainda mais o valor da tava condominia­l”, completa.

AUMENTO DO SEDENTARIS­MO

Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Brasileira das Academias de Ginástica (Acad Brasil) e Sindicato da Habitação (SecoviRio) também já se manifestar­am contra a determinaç­ão. Estudo do SecoviRio, inclusive, aponta que, em média, o valor da taxa condominia­l em prédios com academias deve aumentar 16% devido à contrataçã­o de um profission­al de educação física ou de uma empresa especializ­ada de “assessoria esportiva”.

Já pesquisas da OAB Niterói indicam que a lei vai aumentar de 10% a 15% o sedentaris­mo entre os condôminos. Dados do IBGE apontam que o estado do Rio é o mais sedentário do país: só 18% da população faz algum tipo de exercício.

Indagado sobre as competênci­as do CREF1 questionad­as pelo parlamenta­r fluminense, o vice-presidente do conselho, Andre Fernandes, se manifestou por nota. “O CREF1 cumpre aquilo que é exigido por lei, no intuito de proteger a sociedade. Se é ou não inconstitu­cional, isso será uma briga jurídica”.

 ?? FABIO PERROTTA JR. ?? Com medo de multas por parte do CREF, edifícios já encerraram as atividades em suas dependênci­as
FABIO PERROTTA JR. Com medo de multas por parte do CREF, edifícios já encerraram as atividades em suas dependênci­as

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