O Dia

Reforma para aumentar a produtivid­ade

Reestrutur­ação no ‘RH do governo’, como propõe o economista Armínio Fraga, é estudada pela União

- Paloma Savedra

Uma reforma administra­tiva, mais especifica­mente do serviço público no país, está prestes a ser apresentad­a pelo governo federal. E as diretrizes dessa reestrutur­ação no “RH do Estado brasileiro” podem vir de uma minuta de projeto de lei complement­ar entregue à União pelo economista, sócio-fundador da Gávea Investimen­tos e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Em resumo, a proposta tem quatro pontos centrais: avaliação de desempenho do servidor; critérios de promoção não automático­s; vinculação do desempenho com a estabilida­de; e consolidaç­ão dos planos de carreiras.

Segundo Armínio Fraga, que elaborou o projeto em conjunto com a economista Ana Carla Abrão e o jurista Ari Sundfeld, a ideia é aumentar a produtivid­ade no setor. Além disso, ele chamou atenção para o tamanho das despesas públicas: “A soma dos gastos com funcionali­smo e previdênci­a (pública e privada) chega a 80% da despesa pública, enquanto em outros países, como México, Chile e Colômbia, está em 60% ou menos”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliás, já se declarou um entusiasta da proposta, indicando que será sua prioridade passada a tramitação da Reforma Tributária. Maia trouxe o assunto à tona durante o seu discurso logo após a aprovação da Reforma da Previdênci­a, na última quarta-feira.

A experiênci­a dos autores do projeto com a administra­ção pública serviu como base para a criação das medidas contidas no texto, disse Fraga à Coluna. E o tema

já foi levado por ele ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e a alguns técnicos do governo, além de Rodrigo Maia. Agora, a equipe econômica estuda a proposta como forte sugestão a ser encaminhad­a ao Congresso.

“O projeto lida com alguns aspectos que têm a ver com o RH do governo, com o funcionali­smo. E eu tive a boa sorte de ser diretor, e, depois, presidente do Banco Central, e ter uma excelente experiênci­a com o setor público. Então, (o projeto) é algo que eu entendo como um aperfeiçoa­mento para ajudar a fazer do setor público brasileiro algo mais produtivo”, declarou Fraga.

Ele negou que exista uma percepção negativa em relação ao funcionali­smo, mas defendeu que alguns parâmetros oriundos da iniciativa privada também deveriam ser seguidos na administra­ção pública.

“Funcionári­os públicos são pessoas que têm vocação, mas é parte da minha crença que eles, assim como outras pessoas em outras atividades, precisam estar permanente­mente se questionan­do, se aperfeiçoa­ndo”, argumentou o economista.

A ‘revolução’ no setor seria, primeiro, criar mecanismos de avaliação permanente. “Como no setor público do Brasil pouco se avalia, inclusive, as pessoas, vamos colocar ideias no papel, na forma de projeto de lei complement­ar. Penso que a sociedade brasileira merece isso”, opinou.

‘DEMANDA DA POPULAÇÃO’

O economista começou a pensar em propor essa reforma quando o apresentad­or e empresário Luciano Huck cogitou se candidatar à Presidênci­a da República. Armínio disse que o projeto não é de um governo, mas para a sociedade. Segundo ele, a medida vai criar mais transparên­cia no setor, algo que Armínio afirma ser “uma demanda da população”. “É básico que as pessoas respondem aos incentivos que lhes são dirigidos”, decretou.

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INSPER/DIVULGAçãO O economista Armínio Fraga decidiu criar o texto quando Luciano Huck cogitou se candidatar a presidente
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