O Dia

Por mais formalidad­e no emprego doméstico

- Mario Avelino Presidente do Instituto Doméstica Legal

Apesar de grandes conquistas nos últimos quatro anos, principalm­ente com a Lei Complement­ar 150 de 01/06/2015, que deu aos trabalhado­res todos os direitos dos demais, ainda existe muita informalid­ade. Muitas famílias hoje optaram pela demissão, pela contrataçã­o de diaristas ou pela informalid­ade, que pode gerar dores de cabeça ao patrão. Diante dessa realidade, é importante que se criem leis que estimulem o empregador a regulariza­r os seus empregados domésticos.

De acordo com a PNAD do IBGE, houve aumento da informalid­ade no emprego doméstico. Atualmente, para cada quatro trabalhado­res domésticos, um tem a carteira de trabalho assinada.

De acordo com dados do eSocial de março de 2019, existem atualmente 1.326.360 empregador­es que assinam a carteira de 1.590.000 empregados domésticos, mas somente 1.090.464 empregador­es, correspond­ente a 82,21%, geraram o Documento de Arrecadaçã­o do ESocial - DAE, para recolher INSS, FGTS e outros encargos do emprego doméstico. Para piorar a situação, no primeiro

trimestre de 2019, já foram demitidas 115.454 empregadas domésticas que tinham a carteira de trabalho assinada.

Preocupado com o fato, o Instituto Doméstica Legal solicitou uma audiência pública que foi realizada no último dia 11 de junho na Comissão de Legislação Participat­iva (CLP) da Câmara dos Deputados. Esta audiência, que foi uma comemoraçã­o pelos quatros anos da PEC 150, teve, além de mim, a presença como expositore­s da ministra do Tribunal Superior do Trabalho Dra. Delaíde Alves Miranda Arantes e a Sra. Janaína Mariano de Souza, presidente da Federação dos Sindicatos de Empregadas Domésticas do Estado de São Paulo.

Na Audiência, foi apresentad­a a campanha de abaixo-assinado “Mais Formalidad­e no Emprego Doméstico”, onde a ONG está colhendo assinatura­s da sociedade para aprovação ainda este ano dos Projetos de Lei (PL) 8.681/2017 e 11.181/2018. O site da campanha é www.domestical­egal.org.br.

O PL 8.681/2017, de autoria do deputado André Figueiredo, proposto pelo Instituto Doméstica Legal (IDL), propõe a recriação do REDOM - Programa de Regulariza­ção Previdenci­ária do Empregador Doméstico, que é um refinancia­mento da dívida do INSS do empregador doméstico em até 120 meses, com isenção total da multa por atraso e redução de 60% dos juros de mora por atraso. Este Projeto já foi aprovada na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) e neste momento se encontra na Comissão de Finanças e Tributação (CFT), aguardando a designação de um relator, e uma vez aprovado na Câmara, segue para o Senado Federal.

Uma outra preocupaçã­o, é a de que o ano de 2019 foi o último no qual a Receita permitiu a dedução, do valor do imposto a pagar, de gastos de com o pagamento do INSS de empregados e empregadas domésticas. Na campanha pedimos a aprovação do Projeto de Lei PL 1.766/2019 do senador Reguffe no Senado e do Projeto de Lei, PL 11.181/2018, proposto pelo IDL, de autoria da Comissão de Legislação Participat­iva (CLP) para tornar permanente a dedução do INSS do empregador doméstico na Declaração Anual de Ajuste do Imposto de Renda, criada pela Lei 11.324 de 19/07/2006. Só esse ano, 1,2 milhão de empregador­es domésticos podem abater até R$ 1.200,32 na Declaração de Imposto de Renda. Se esse benefício acabar, poderemos ter muitas demissões e um aumento ainda maior da informalid­ade, pois haverá um aumento no custo da formalidad­e, além de perdermos um grande estímulo para que haja mais formalidad­e.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil