Para evitar calotes, prefeitura fará obras em estações do BRT nas Zonas Norte e Oeste
Oito estações vão receber obras para coibir acessos irregulares. Interventor diz que ação da Guarda Municipal é insuficiente
Após diversas tentativas frustradas para combater os calotes no BRT, oito estações consideradas críticas dos corredores Transoeste e Transcarioca receberão estruturas anti-evasão ainda este mês. Barradores e elementos triangulares para evitar a entrada irregular e a permanência nas laterais das áreas de embarque serão instalados nas estações Mercadão, Recanto das Palmeiras, Vicente de Carvalho, Praça Seca, General Olímpio, Gastão Rangel, Cajueiros e Mato Alto — esta em testes desde maio. A iniciativa é da equipe de intervenção responsável pela gestão do sistema desde o fim de janeiro.
“Hoje o cara chega de terno e gravata, pisa aqui, pisa ali e está dentro da estação. Mulher com criança, homem, todo mundo sobe sem pagar. Essas estações terão o barrador e dois prismas triangulares para o cara não poder ficar em pé no beiral, porque se ficar ali ele escorrega. É mais rápido do que quebrar tudo”, explicou o interventor Luiz Alfredo Salomão.
Essas oito estações sofrem um total de 13.350 acessos irregulares por dia. A equipe da intervenção projeta a recuperação teórica de R$ 667,5 mil em receita por mês para um investimento de R$ 248,6 mil em obras ao longo de julho. Pelo cronograma, as estações receberão os dispositivos até o fim do mês.
A instalação de guarda-corpos no Mato Alto, em maio, não impediu as invasões. Outras medidas não têm surtido efeito, como a lei municipal que prevê fiscalização por guardas municipais e multa de R$ 170 desde outubro. Raramente os agentes são vistos nas estações.
No mês passado, a prefeitura anunciou que fiscais solicitariam o cartão RioCard do passageiro para conferir em máquinas se a tarifa foi paga, a exemplo do que é feito no VLT. No entanto, até agora a fiscalização não teve início.
O interventor esclareceu que o atraso da fiscalização com as máquinas validadoras depende da adaptação dos equipamentos pela Riocard TI. A Riocard informou que “negocia com o BRT o prazo para entrega dos equipamentos”. Salomão também diz que a atuação dos guardas municipais no BRT não atende às necessidades do sistema.
Está em curso na Secretaria Municipal de Fazenda um processo de licitação para vender o nome das estações a parceiros comerciais. Com o valor arrecadado, a prefeitura pretende contratar PMs de folga para atuar no sistema. A Guarda Municipal diz que 116 agentes fiscalizam as estações nos horários com maior índice de calotes.
BALANÇO DA INTERVENÇÃO
Em entrevista exclusiva publicada na edição de ontem de O DIA, Luiz Alfredo Salomão fez um balanço da intervenção no BRT, com término marcado para 29 de julho. Ele afirmou que a licitação sugerida pela equipe e prometida pela prefeitura para o segundo semestre está prejudicada com o acordo do prefeito Marcelo Crivella para devolver a gestão do transporte ao Rio Ônibus.
Conforme Salomão, se o acordo for firmado, dificilmente exigências que constariam no edital de concessão serão exigidas das empresas, como a recuperação das pistas do corredor Transoeste.
Na conversa, Salomão negou que tenha havido mudança de entendimento sobre a necessidade de licitação para o BRT. Ele também disse que a prefeitura vem negociando, como contrapartida, investimentos das empresas para voltarem a administrar o BRT.
Em nota, a prefeitura informa apenas que a intervenção no BRT vai até 29 de julho, “quando será apresentado um relatório final. A partir daí, serão tomadas as medidas necessárias.”