O Dia

Nova Previdênci­a: relatório do Senado garante pensão por morte acima do mínimo

Parecer apresentad­o à comissão do Senado muda concessão do BPC e inclui estados e municípios

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Com as alterações na Reforma da Previdênci­a, uma mãe com dois filhos menores pode receber até 100% do salário de contribuiç­ão do benefício do INSS de origem, no caso de pensão por morte. Isso devido à elevação da cota por dependente adicional (até 18 anos) de 10% para 20%, prevista no texto do relator da reforma no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), apresentad­o ontem. Com a alteração, nenhum valor pago deverá ser inferior a 1,6 salário mínimo e nenhuma pensionist­a receberia menos que o piso, hoje de R$ 998, se a renda formal da segurada for menor que o mínimo.

O parecer da PEC 6 foi entregue pelo senador e será lido hoje na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) da Casa para ir à votação na semana que vem. O tema pensão foi suprimido da proposta aprovada pela Câmara e seguirá na PEC Paralela que também foi apresentad­a ontem pelo tucano e incluiu os estados e os municípios na reforma.

Outro item abordado foi a retirada das mudanças nos critérios de renda para concessão de Benefício de Prestação Continuada (BPC). Pela proposta, pessoas com renda familiar de até meio salário mínimo continuari­am com acesso ao benefício. O assunto

também virá na PEC Paralela.

Além disso, regras de transição de aposentado­rias especiais foram alteradas. O tucano propôs a retirada da elevação de pontos exigidos a trabalhado­res expostos a agentes nocivos, como os mineiros. Outro ponto é a redução do tempo mínimo de contribuiç­ão a 15 anos para homens, independen­temente de quando ingressara­m no mercado. Na versão da Câmara, quem começar a trabalhar após a reforma precisará cumprir 20 anos.

Em caso de acidentes de trabalho, os aposentado­s por incapacida­de terão acréscimo de 10% no valor do benefício. Empresas do Simples Nacional serão cobradas para a cobertura dos benefícios previdenci­ários. Outra mudança é a reabertura do prazo para a adesão de servidores federais ao regime complement­ar.

Conforme previsto, Jereissati também incluiu a proposta de que os estados, Distrito Federal e municípios adotem integralme­nte as regras mediante aprovação de lei. Ou seja, caso essa aprovação ocorra em nível estadual, a adoção integral também se aplicará aos municípios. Contribuiç­ões extraordin­árias poderão ser criadas por prefeitura­s e estados em situação de déficit.

DE ONDE VIRãO OS RECURSOS

O senador propôs acabar com a isenção previdenci­árias, ao longo de cinco anos, das entidades filantrópi­cas e dos exportador­es do agronegóci­o. “Estamos fazendo isso porque não achamos justo e nem correto, por exemplo, instituiçõ­es filantrópi­cas ricas, riquíssima­s, que cobram alto dos seus funcionári­os, não contribuam do lado patronal para a Previdênci­a”, disse Jereissati. A exceção, nesse caso, seriam as santas casas e organizaçõ­es de assistênci­a social. Quanto aos exportador­es, o senador não detalhou nenhum impacto.

Jereissati informou que a economia com as mudanças será R$ 1,35 trilhão em dez anos. A reforma aprovada pelos deputados previa economia de R$ 930 bilhões. A presidente da CCJ, Simone Tebet (MDB-MS), disse que o relatório era iniciativa do tucano, e que os demais senadores não tinham conhecimen­to. “Não é nem minha, nem do presidente da Casa. É do relator. Eu vou olhar em detalhes, não vou me antecipar sobre algo que nem sei o impacto”, afirmou.

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MARCeLO CAMARGO/AGêNCIA BRASIL Simone Tebet, da CCJ, e Davi Alcolumbre, presidente do Senado, receberam o relatório de Tasso Jereissati

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