Com estado em crise, governador aprova gasto para tenente-coronel, que já foi preso, ir a Harvard
Witzel dá aval a curso de R$ 200 mil para um PM
Ogovernador Wilson Witzel defendeu, ontem, o envio de um policial militar para estudar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ao custo de mais de R$ 200 mil. O tenente-coronel Fabrício Moça, que chegou a ser preso em flagrante, em 2005, por tentar furtar um veículo em Niterói, foi elogiado pelo governador.
Perguntado se mudaria de ideia sobre o custeio do militar, Witzel disse que gostaria de enviar mais policiais para estudar no exterior.
“Como eu não posso mandar 200 policiais para Harvard para estudar, (mando) um policial que é de alta capacidade
e tem demonstrado proficiência na sua atuação profissional”, declarou, durante solenidade na Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte do Rio.
Para o advogado Manoel Peixinho, no entanto, a decisão viola o princípio da moralidade administrativa. O especialista em Direito Constitucional e Administrativo explica que a capacitação de policiais e servidores públicos é positiva, mas, para ele, o gasto com apenas um militar é desproporcional.
“Não se justifica o governo do estado gastar R$ 215 mil com apenas um policial em um curso de 15 semanas em Harvard. Não é razoável, porque o estado passa por dificuldade financeira e já disse que não conseguirá se recuperar até o ano que vem”. Para Peixinho, a capacitação poderia ser feita em convênio com alguma universidade pública. “Na minha opinião, o policial está fazendo turismo com dinheiro público”, critica.
O governo do Rio autorizou a despesa de R$ 207.484,20 em despacho publicado no dia 23 de julho, em favor da Harvard Business School. O caso foi divulgado ontem pelo RJTV, da TV Globo.
O objetivo descrito no Diário Oficial do Estado é a qualificação profissional do tenente-coronel. Em outro despacho, o valor foi atualizado para R$ 215 mil. O governo do Rio assumiu as passagens aéreas de ida e volta, hospedagem, treinamento e diárias para ajuda de custo.
Apesar de o militar ter sido preso em flagrante, a Polícia Militar diz que ele foi absolvido por “inexistência de crime”. Fabrício Moça é assessor de Planejamento e Gestão do subsecretário de Gestão Administrativa e subchefe administrativo do Estado-Maior Geral.
De acordo com o registro de ocorrência na Polícia Civil, o PM tentou furtar um veículo na Avenida Quintino Bocaiúva, no bairro de São Francisco, em Niterói. Fabrício Moça fez vários disparos contra o carro. O tenente-coronel teve a arma apreendida, mas foi solto após pagar fiança.