Jair Bolsonaro se reúne com governadores da Amazônia Legal
Mesmo com divergências, estados se unem por pressão para ajuda financeira internacional
O presidente Jair Bolsonaro ainda estava às voltas com o bate-boca com o chefe de Estado francês Emmanuel Macron quando saiu, de um post no Twitter de Donald Trump, dos Estados Unidos, o único apoio internacional, até agora, ao líder brasileiro. “Conheci o presidente Bolsonaro bem em nossas negociações com o Brasil. Ele está trabalhando duro em relação aos incêndios na Amazônia e em todos os aspectos, fazendo um ótimo trabalho para o povo do Brasil - o que não é fácil. Ele e seu país têm o apoio total e completo dos EUA!”, escreveu o americano.
Bolsonaro se reuniu, ontem, com governadores da Região Amazônica e, ao encerrar o encontro, afirmou haver uma pressão internacional para demarcação de terras indígenas e quilombolas no Brasil. “Se eu demarcar agora, pode ter certeza que o fogo acaba em cinco minutos”, disse. O presidente, no entanto, não apresentou provas da suposta influência estrangeira nos incêndios.
Para o presidente, a destinação de terras para estes fins e também a criação de parques nacionais está levando o país à “insolvência” e que os recursos do Fundo Amazônia “têm um preço”.
O presidente determinou que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, converse com os governadores da região para formatar o pacote de medidas apresentado pelos gestores locais e, posteriormente, enviar as medidas ao Congresso.
Na última sexta-feira (23), o governo autorizou uma operação de Garantia de Lei e Ordem (GLO), que ganhou o nome de GLO Ambiental, e ontem liberou R$ 38 milhões do orçamento do Ministério da Defesa, que estavam contingenciados, para as ações.
Todos os nove estados da Amazônia Legal - Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas, Mato Grosso, Amapá, Pará, Maranhão e Tocantins - solicitaram adesão ao decreto da GLO e a ajuda das Forças Armadas para o combate ao fogo. A Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal apuram se houve ação criminosa nos incêndios que se intensificaram no início deste mês.
AJUDA INTERNACIONAL
Ao deixar o Palácio da Alvorada, na manhã de ontem, Bolsonaro foi questionado sobre a ajuda de US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) anunciada pelo G7 (grupo das maiores economias do mundo, que se reuniu no fim de semana) para ações na Amazônia, e disse que só conversaria sobre o assunto se o presidente da França retirasse os “insultos” que fez a ele. Mais tarde, o Palácio do Planalto voltou atrás na exigência.
Macron declarou os incêndios na Amazônia uma emergência global e disse que pode não ratificar o acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia devido às “mentiras” de Bolsonaro quanto ao seu real comprometimento contra as mudanças climáticas e à preservação ambiental. O presidente francês também falou na possibilidade de um status internacional para a Amazônia.
Ignorando a crise diplomática entre os países, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores na Câmara, chamou, ontem, Macron de “moleque”, segundo o ‘UOL’. Eduardo disse, ainda, que Macron estava usando a Amazônia para melhorar sua imagem.