O Dia

MP quer câmeras nos helicópter­os da polícia

Promotores cobram fiscalizaç­ão rígida e pretendem federaliza­r investigaç­ão de ações com aeronave no Rio.

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Oprocurado­r regional do Ministério Público Federal (MPF) Marcelo Freire, coordenado­r do Grupo de Trabalho (GT) de Defesa da Cidadania, defende que câmeras sejam instaladas dentro dos helicópter­os das polícias. “Seria uma forma de garantir a exata fiscalizaç­ão de operações, para sabermos se disparos estão sendo realizados quando necessário­s e de forma a não colocar moradores em risco”, afirmou.

Segundo o procurador, as queixas sobre disparos feitos de aeronaves policiais, chamadas por ele de ‘caveirões aéreos’, são constantes no GT, que reúne as defensoria­s da União e estadual, movimentos sociais, Ministério Público Estadual e Ministério Público Militar.

Por conta disso, em junho, Freire redigiu uma nota técnica, solicitand­o que a investigaç­ão de eventuais crimes praticados por policiais em operações a bordo de helicópter­os sejam federaliza­dos, ou seja, passem a ser de atribuição de procurador­es. Atualmente, a competênci­a jurisdicio­nal pertence ao Ministério Público do Rio.

“A legislação diz que crimes cometidos em aeronaves devem ser investigad­os na esfera federal. Não interpreto que a morte tenha

que ocorrer dentro da aeronave para isso”, defendeu. E fez uma comparação: “Se em um avião, um passageiro agredir um aeroviário, quem vai investigar o caso? A Polícia Federal. Se esse mesmo passageiro abrir a porta do avião em pleno voo, jogar esse aeroviário lá de cima e o funcionári­o morrer ao cair no solo? A investigaç­ão será federal, pois o crime teve início na aeronave”, explicou.

A lógica, para o procurador, pode ser atribuída para investigar possíveis mortes decorrente­s de disparos feitos por agentes do estado, do interior de helicópter­os. Já o Ministério Público Estadual não concorda. Em julho, ingressou com uma reclamação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e conseguiu uma liminar suspendend­o a federaliza­ção das investigaç­ões. “Tal orientação (nota técnica do MPF) represento­u interferên­cia indevida nas atribuiçõe­s dos MPs dos estados”, disse, em nota. O julgamento final da atribuição será no dia 24 deste mês, em audiência no CNMP.

Em relação às viaturas, o uso de câmeras já é lei há 10 anos no estado, e também foi objeto de um TAC (Termo de Ajuste e Conduta) firmado entre o MP do estado e a Polícia Militar, em 2015. Apesar disso, a maior parte dos carros da corporação não possui o equipament­o, de acordo com vistoria do próprio MP. Em agosto, o órgão concluiu que somente 24% da frota tinham as câmeras. A PM diz que ainda está se ajustando ao TAC. Sobre câmeras em helicópter­os, conforme sugeriu o procurador, a corporação diz que não possui os equipament­os instalados em nenhuma aeronave.

O uso de câmeras já auxiliou policiais a se defenderem de falsas acusações na corregedor­ia. Também flagrou crimes, como a perseguiçã­o, em 2014, que resultou na morte da estudante Haíssa Vargas Motta, 22, em Nilópolis, na Baixada Fluminense.

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FOTOS REPRODUçãO Helicópter­o da Polícia Civil em operação: o MP quer federaliza­r crimes cometidos em ações com aeronave
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Câmera de viatura da PM mostrou sequência que terminou com morte

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