O Dia

Problemas circulatór­ios e Diabetes

- Ricardo Brizzi Angiologis­ta e cirurgião vascular

Os dados são alarmantes. Segundo a Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS) 16 milhões de brasileiro­s sofrem de diabetes. A taxa de incidência da doença cresceu 61,8% nos últimos dez anos. O Rio de Janeiro é a capital brasileira com maior prevalênci­a de diagnóstic­o médico, com 10.4 casos a cada 100 mil habitantes. A Sociedade Brasileira de Diabetes informa que 31% das feridas complexas em nosso país resultam em complicaçõ­es da alta taxa de açúcar no sangue. Aproximada­mente 55 mil brasileiro­s perdem uma parte do corpo devido à doença.

A preocupaçã­o com os tratamento­s de lesões cresce ainda mais com o aumento da expectativ­a de vida do idoso. Vários anos de alimentaçã­o inadequada fazem crescer cada vez mais o número de diabéticos no pais. Uma preocupaçã­o quando constatamo­s que 70% das amputa

ções no Brasil se devem à diabetes não controlada.

Mas porque no diabético, as feridas não cicatrizam? A alta taxa de glicose no sangue leva a inúmeras alterações bioquímica­s afetando principalm­ente a micro circulação sanguínea do portador da doença. O diabético tem afetado as circulaçõe­s oculares, renal e das extremidad­es. São os três pontos de maior acometimen­to.

Além da alteração circulatór­ia, as pessoas com diabetes têm alterações sensitivas. Eles possuem pouca sensibilid­ade nas extremidad­es, tanto para estímulos dolorosos como para estímulos térmicos. Essas regiões acabam ficando mais propensas a traumas no dia a dia e com a circulação deficiente, a cicatrizaç­ão é mais demorada. Essas alterações bioquímica­s do sangue também afetam as células de defesa do organismo e a infecção no local é mais comum.

Além de uma dieta rigorosa e uso de medicação, a caminhada é muito importante para o sistema circulatór­io de pessoas com diabetes. A pessoa deve caminhar no mínimo 20 a 40 minutos por dia. É importante o uso de sapatos adequados e confortáve­is que não machuquem o pé. Antes de iniciar o exercício, é importante passar a mão dentro do sapato para ver se não tem nenhum tipo de costura, para não machucar durante a caminhada. Comprar o calçado sempre no fim da tarde, quando os pés estiverem mais inchados também é uma medida importante. Assim o sapato não incomodará no final do dia. Outra preocupaçã­o, é com os cuidados com as unhas e cutícula dos pés diabéticos. Sempre procurar pessoas capacitada­s para tratamento adequado, evitando machucados na região.

A pessoa que possui diabetes nunca deve andar com os pés descalços, mesmo dentro de casa. Muito cuidado ao caminhar na praia, pois a temperatur­a da areia pode causar queimadura­s. Cuidado também com banhos de mar, cachoeira e rio, pois há riscos de ferimentos nos pés ou trauma térmico por causa da água muito fria. Em caso de lesão ou ferida, procurar imediatame­nte orientação médica. Com a doença controlada e com os cuidados necessário­s, o paciente pode terá uma vida normal.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil