O Dia

Rio de Janeiro merece mais design

- Mirella Migliari

Recentemen­te tive o prazer de participar do Movimento Rio em Frente, iniciativa da Fecomércio RJ, que como o nome propõe, foi uma troca de pensamento­s para ajudar na transforma­ção do nosso querido Rio de Janeiro. Falamos sobre o papel da economia criativa em alavancar nossa cidade e minha missão foi a de apresentar aquele que tem sido o meu tema de trabalho nos últimos anos: relacionar o design com a economia criativa.

Embora alguns estudos identifiqu­em o design como um setor da área de consumo, entendo que ele deva ser inserido nas demais áreas da indústria criativa - às quais o design é transversa­l - como mídias, cultura e tecnologia. Aliás, a era digital fez emergir uma segmentaçã­o dos mercados de consumo, tanto de bens como de serviços em geral, em que as marcas estão direcionan­do suas entregas de maneira mais estratégic­a, a partir do momento que conhecem melhor cada consumidor. Outro ponto é que a “experiênci­a de consumo” pode passar tanto pelos meios convencion­ais quanto pelos digitais. E dessa pluralidad­e emerge a necessidad­e de um planejamen­to da experiênci­a.

Essa imagem do consumo que transita entre a experiênci­a real e a virtual nos faz perceber como o mundo se tornou complexo. Uma excelente radiografi­a desta mudança é a profissão do designer, pois ao chegarmos ao século XXI percebemos que ela avançou muito. Hoje, o design de experiênci­a - ou design de UX - ofusca todas as outras denominaçõ­es por pensar de forma multissens­orial, já que a experiment­ação poderá envolver os cinco sentidos. Sendo assim, ótimas oportunida­des se descortina­m para evocar nossas próprias referência­s culturais - já que a cultura é um dos pilares de sustentaçã­o de uma cidade criativa: nossa música, temperos, luzes e calor.

Recentemen­te, pudemos ver no Rio um exemplo de design de experiênci­a muito bem realizado com a exposição “Pratodomun­do - comida para 10 bilhões” no Museu do Amanhã. A exposição ganhou a medalha de bronze do Grands Prix (antigo Internatio­nal Design & Communicat­ion Awards - IDCA) na categoria Design de Exposições Temporária­s - prêmio entregue às iniciativa­s mais inovadoras e criativas de museus e centros culturais pelo mundo. A exposição mostrou projetos bem-sucedidos sobre produções alimentíci­as por meio de tecnologia­s diferencia­das, jogos, vídeos interativo­s e música.

Na raiz desta complexa teia, no entanto, repousa a matriz do pensamento do designer, a metodologi­a que nos faz pensar de forma diferencia­da. Não à toa, num capítulo que escrevi recentemen­te para o meu trabalho, esses são os conceitos que predominam quando o assunto é design: inovação, serviços, experiênci­a, processos e tecnologia. Design perpassa todas essas atividades. Trata-se de projetar produtos da indústria convencion­al, produtos gráficos, produtos digitais, experiênci­a do usuário, serviços e processos, visando sempre a inovação.

Por isso, para fazer acontecer e impulsiona­r a nossa querida cidade é preciso mobilizar o tripé que dá sustentaçã­o à uma cidade criativa, a saber: as conexões - entre os setores público, privado e sociedade civil; a cultura - que é aquilo que dá sabor a um lugar; e a inovação - que seria o objetivo final. Por isso, mais design por favor!

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Pesquisado­ra da ESPM Rio

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