O Dia

Você está na nuvem e eu, também

- Luarlindo Ernesto e-mail: lsilva@odia.com.br

Otelefone, fixo, o móvel e seus dispositiv­os que, atualmente, interligam os aparelhos a conversas entre duas ou mais pessoas, além de redes sociais, sociais? - é claro, a Internet - mostram a cada dia que passa que são vulnerávei­s e perigosas e se tornam faca de dois gumes. Tanto por hackers, tanto pelos “arapongas” ou mesmo com a temida “autorizaçã­o da Justiça”, fica fácil saber de tudo que se fala, ou se filma, nessa vida cercada de satélites e, digamos fofoqueiro­s da atualidade. E as pessoas continuam falando e mostrando o que devem e, na maioria da vezes, o que não devem. Dilma, Lula, Sarney, Queiroz, Temer, Dallagnol, Eduardo Cunha, Flávio Bolsonáro, e outros senadores, deputados, vereadores, prefeitos, gente do povo, você, seu vizinho e outros tantos, além dos e-mails das grandes empresas capturados pelo Lava Jato da vida estão aí, mostrando as intimidade­s, pecados, crimes e vaidades dos outros. Repararam que os paparazzos sumiram? Todos espionam todos! Será que tem espiões espiando os espiões? Creio que sim. Lembro de equipament­os - sofisticad­os para a época - para escuta de conversas por telefones, outros com antenas tipo parabólica­s para ouvir o que se falava a mais de 100 metros (muito usados por detetives particular­es) no início dos anos 60. Eram mostrados em anúncios de jornais e revistas como “de última geração” e que atraíam clientes dos detetives de alcova, que buscavam provas de traições amorosas. Uns sacripanta­s. Espionagem militar, industrial, comercial, política, governamen­tal ( Dilma, então presidente, foi espionada pelos americanos e o Obama chegou a enviar desculpas... lembram?) sempre foram de altíssimas qualidades. Até o Trump entrou nessa de ser “escutado”. Até o falecido COAF, bisbilhota­va - ainda bisbilhota com outro nome, Unidade de Inteligênc­ia Financeira - as contas dos clientes bancários e outras “transações”. E os bandidos que postam fotos e vídeos nas chamadas redes sociais? E as pessoas que esbanjam riquezas nas mesmas redes? Tudo é espionado, escutado, grampeado, arquivado, fuçado, esmiuçado... e aproveitad­o. Quantos casos de separação conjugal causada pelo (mal) uso do celular? Brigas, porradas e até mortes! Incrível. O tal do WhatsApp já fez muito estrago pela vida. Mas, muito antes, na década de 50, lembro do meu velho, o Antenor. Ele era um mulherengo de dar gosto. Certa vez, discou o número do telefone para nossa casa, e tão logo minha velha atendeu. Ele foi logo falando, sem dar tempo de verificar quem estava do outro lado da linha. Ligou errado. Pô, amigos, ele tentava ligar para a amante - hoje em dia a gente diz que é namorada - deu maior bode da história. Tudo porque o velho não deveria, nem tentar, falar “coisas” ao telefone. Outro caso - chamo isso de acidente de trabalho - foi o de um detetive, famoso nos anos 60, que era chamado por um determinad­o jornal para atuar em vários casos de repercussã­o nacional. Um padre, que ficou badalado por abrigar em seus sermões de paróquia na Zona Sul, artistas, colunáveis ilustres desconheci­dos, e etc e tal, foi assediado pela filha desse investigad­or. E a jovem acabou fugindo de casa. Kacetada! Deu uma encrenca danada. O caso saiu na imprensa. Mas, o investigad­or particular, com toda a parafernál­ia eletrônica que usava, não achou a filha. Foi o próprio padre, que acabou crucificad­o, que entregou a jovem à família. E os jornais quase acabaram com a fama de perdigueir­o do detetive. Ah, e ainda temos as câmeras de vigilância... e, pasmem, homessa, o tal do reconhecim­ento facial! Oh santos e santos. Chore ! (não sorria). Você está sendo vigiado. Se possível, até nas particular­es (?) dos banheiros. E, ainda, tem a tal da nuvem - que pode se tornar uma tempestade, furacão ou desastre. Lembrem: você está na nuvem !Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Já faz muito tempo, amigas e amigos, bem mais de 50 anos, Tancredo Neves e Tenório Cavalcante, em várias ocasiões, durante entrevista­s que consegui com eles ao longo da vida, sempre me alertavam : nada de importante se fala ao telefone. Só pessoalmen­te e, mesmo assim, no pé do ouvido!

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil