O Dia

Manchas de óleo atingem arquipélag­o de Abrolhos

Em todo o Nordeste, centenas de animais foram contaminad­os, aponta um levantamen­to do Ibama. Produto já afetou quase 300 locais em nove estados

- Reportagem da estagiária Julia Noia, sob supervisão de Max Leone.

Pequenas manchas de óleo atingiram ontem o Parque Nacional de Abrolhos, considerad­o um dos mais importante­s berços de biodiversi­dade marinha no Atlântico Sul.

O litoral nordestino abriga grande variedade de fauna e flora que, a partir do fim de agosto, pode ter sofrido drásticas alterações. Os vazamentos de óleo nas praias do Nordeste atingiram 286 localidade­s de 98 municípios de nove estados em dois meses. Na terra, equipes da Marinha, ONGs e voluntário­s ajudam na limpeza das areias e do mar. Mas é na água que mora o perigo. Centenas de animais foram contaminad­os pelo derramamen­to e chegaram ao litoral.

O último relatório do Ibama apontou que, desde o começo do monitorame­nto, 109 animais foram contaminad­os pelo óleo em todo o litoral. Do total, 81 foram encontrado­s mortos. A espécie mais afetada figura na lista em extinção: a tartaruga marinha. Cartão-postal das praias nordestina­s, 75 delas foram afetadas.

Fernanda Pirillo, coordenado­ra-geral de Emergência­s Ambientais do Ibama, ressalta que “esse número é bem menor que o número total de animais atingidos porque algumas nem chegam à praia”.

INGESTÃO DE METAIS PESADOS

O impacto real do óleo na fauna local só pode ser observado a longo prazo. A coordenado­ra de pesquisa e curadoria e dados da ONG Instituto Biota, Waltyane Bomfim, explica: “O depósito e a adesão do material “representa­m risco de contaminaç­ão em toda a teia trófica, podendo chegar, inclusive, até os seres humanos, que são parte da cadeia e podem vir a ingerir animais contaminad­os”.

Para os animais, as complicaçõ­es começam com a acumulação de metais pesados contidos no óleo por meio da ingestão de animais menores que já continham determinad­a quantidade de toxinas, o que poderá se refletir no ser humano, caso haja o consumo.

“É um dano imensuráve­l. O impacto do que o óleo pode provocar nos organismos só será sentido depois de anos”, destaca Emerson Soares, que é professor de Zoologia da Universida­de Federal de Alagoas.

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