Outubro rosa e preto
Os meses estão ganhando cores. Setembro é amarelo, lembrando a prevenção do suicídio. Novembro é azul mobilizando-nos para os cuidados com a próstata. Outubro, como sabemos, é rosa e a mobilização é com relação à prevenção do câncer de mama, ação essencial para uma efetiva política de saúde da mulher. Alguns meses têm duas cores, como dezembro que é laranja e vermelho fazendo alusão à prevenção do câncer de pele e da Aids.
Sugiro um outubro rosa e preto para que façamos também a mobilização para que não tenhamos um futuro sem professores. O preto refere-se ao luto simbólico pelos milhares de professores que abandonam a profissão todos os anos e aos outros milhares afastados por motivo de doença, em grande parte, mental.
Segundo o relatório Políticas Eficientes para Professores da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no Brasil, apenas 2,4% dos jovens de 15 anos desejam seguir a carreira do Magistério. Há dez anos, o percentual era em torno de 8%. Entre os poucos que pensam buscar a sala de aula, a maioria é oriunda de famílias pobres em que os pais possuem baixo nível de
Entre os poucos que pensam buscar a sala de aula, a maioria é de famílias pobres em que os pais baixa escolaridade
escolaridade, o que nos permite inferir que quanto maior o nível socioeconômico, maior o descrédito na profissão.
Quando perguntados sobre o porquê não querem ser professores, a resposta mais frequente entre os 97,6% é a desvalorização social da profissão e os baixos salários. Outro fator agravante é que, segundo pesquisa do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior, em média, 60% dos concluintes dos cursos de licenciatura não atuam na área ou por não conseguirem colocação no Mercado ou por opção. Junte a isso dados de Relatório do Ministério da Educação de 2016 que dão conta de que cerca de 35% dos professores em atividade na época (cerca de 700 mil) estariam em condições de se aposentar até 2022.
Talvez se concentrarmos as forças, os movimentos e as campanhas em um único mês, consigamos fazer mais “barulho”! É urgente que toda a sociedade se movimente para evitar esse anunciado “apagão docente”. Campanhas mostrando as precárias condições de trabalho de grande parte dos professores e clamando por políticas públicas em prol da dignidade da profissão docente podem se somar a apresentação de propostas concretas de emendas parlamentares que visem à melhoria dessas condições. Lutemos pela instituição do outubro rosa e preto!