O Dia

BAILE DE FAVELA

Fla, que pega hoje o Corinthian­s, é sopro de felicidade em comunidade­s do Rio, que se colorem de preto e vermelho em dia de jogo

- YURI EIRAS yuri.eiras@odia.com.br

Fase de ouro do Flamengo vira sopro de felicidade nas comunidade­s. E hoje não deve ser diferente quando a bola rolar, às 16h, contra o Corinthian­s, no Maracanã

Ruas estão vazias no domingo à tarde. Os bares ficam lotados, já que até os secadores param em frente à televisão. O clima tem sido de Copa do Mundo quando o Flamengo entra em campo, e não será diferente hoje, contra o Corinthian­s, às 16h, no Maracanã, no chamado Clássico do Povo. Num 2019 particular­mente violento e sofrido para as favelas cariocas, a fase do Rubro-Negro é um sopro de felicidade.

O Flamengo desta temporada colore as favelas com camisas, bonés e bandeiras. Está na gíria, como o ‘vapo’, e nos cabelos descolorid­os da molecada, à la Gabigol. O time empolga e reverbera. A ‘Flavelas’ é um grupo de torcidas das comunidade­s. A intenção é fazer das localidade­s uma extensão do Maracanã. A sede Fla Maré, na Vila do Pinheiro, Complexo da Maré, recebe quase duas mil pessoas em jogos de maior apelo, como os da Libertador­es.

“A gente faz churrasco e tudo. Só não faz em dias com duas mil pessoas, porque não tem como e nem cabe no nosso orçamento. Mas fica bonito. Todo rubronegro da comunidade comparece”, disse Alexandre, um dos cabeças da torcida.

Renato Lacerda, da Nova

Holanda, também na Maré, está organizand­o um mutirão com os vizinhos para pintar um dos muros da comunidade com os rostos dos craques do Flamengo, como em Copas dos Mundo. “A Seleção está baixo astral e todo mundo só fala do Flamengo. Nada mais justo eternizar o elenco e o Jorge Jesus”, argumenta. O dia da pintura tem data: a semana da final da Libertador­es.

TELÃO DE CINEMA E CERVEJA

A Cidade de Deus, em Jacarepagu­á, também só quer ser feliz com a fase do Flamengo. “Às vezes vamos ao Maracanã, mas nossa prioridade é a comunidade. Contra o Grêmio (5 a0), fizemos campanha para arrecadar um quilo de alimento para entregar aos moradores da localidade do Karatê, onde recentemen­te o caveirão derrubou barracos”.

Maré, Jacarepagu­á ou Jacaré, o jogo do Rubro-Negro tem sido hora de lazer e confratern­ização. “A galera do Fla Jaca coloca som, bandeiras, faz sorteios para juntar mais a comunidade, instala até retroproje­tor. Fica aquele telão de cinema”, conta Léo Velloso, que mora em Ramos, mas faz questão de dar um pulo no Jacaré em dia do Flamengo. “Sem contar a cerveja gelada. Balde com cinco latões por R$ 25, um luxo”, brinca.

A galera do Fla Jaca coloca som, bandeiras, faz sorteios para juntar mais a comunidade, instala até retroproje­tor. Fica aquele telão de cinema”

LÉO VELLOSO, Morador de Ramos

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