A favela manda a letra
Festa literária no Viaduto de Madureira reúne livros que têm as comunidades como protagonistas.
Domingo, 16 horas. O termômetro horário era beirava os 40 graus e o no o mesmo do jogo do Flamengo na praia Maracanã ou de uma tarde lotada. Embaixo de Copacabana, que estava em Madureira, do viaduto Negrão de Lima, enfrentavam o contudo, cerca de 50 pessoas de conversa com calor para assistir uma roda negra. quatro autores de literatura do primeiro A ação faz parte da programação Literária, realizado Festival Favela
Favelas (Cufa), que pela Central Única das diversos estados do acontece também em também para esta Brasil e tem programação segunda-feira. da Cufa e Segundo Nega Gizza, diretora do evento, a leitura uma das idealizadoras como mudou a dela. pode mudar vidas, assim o mundo “Meu pai me ensinou a entender gibis, com muitas da literatura atraída pelos o tempo, descobri imagens e pouca falas. Com minha mente poderia que com a leitura, a ou palavra. O livro viajar em cada letra está aqui, no é transformador e o exemplo que estão vindo e próprio festival. Pessoas cinco livros, apenas comprando três, quatro,
Nosso objetivo é no primeiro dia de evento. que é importante incentivar e ensinar a favela disse. ler literatura em geral”,
Otávio Junior é um velho
O DIA. conhecido do Ganhador da medalha Orgulho do Rio em 2011, o escritor contou que o livro transformou a sua vida.
“Como todo menino, tinha jogador o sonho de ser de futebol. Estava caminhando alguns amigos com para jogar e, no caminho, achei um livro. Ali, naquele momento, deixei o futebol de lado por alguns minutos e comecei a ler. O livro mudou essa trajetória e mudou meu sonho”, contou.
O escritor, autor de mais de 60 obras, sendo cinco delas já publicadas, programa participou do Caldeirão do Huck em 2006. o prêmio de Com R$ 10 mil ganho no quadro ou Nunca’, ‘Agora Otávio investiu tudo no seu projeto ‘Ler É 10 - Leia
Favela’.
“Eu circulava durante a semana em favelas do complexo da
Penha e do Alemão com uma mala cheia de livros. Percebi que as crianças gostavam de ler, mas não se sentiam representadas nas histórias. Em um primeiro momento, escrevi histórias ambientadas na favelas e agora estou escrevendo sobre histórias ambientadas nas favelas e com protagonistas negros”.
A estudante universitária
Mariana Santos optou por trocar o belo dia de sol na praia para acompanhar a programação do evento. “O verão nem começou ainda, então terei muito tempo para aproveitar tipo de o sol. Esse festival é importante para qualquer pessoa da sociedade. Abordando o tema de favela fica mais importante ainda, pelo menos para quem mora lá, como
Uma eu”, contou. das palestrantes com um discurso mais acalorado, Mãe Flávia
Pinto é autora do livro’Levanta Favela!
Vamos Descolonizar o Brasil’. Segundo ela, esse tipo de evento é de suma importância para a população das comunidades.
“O Festival Favela Literária é importantíssimo, já que a maior parte da população que não lê está nas favelas. conhecimento, Com literatura e temos uma ferramenta poderosa muito para transformar a cultura opressão, da violência, da do racismo e do sexismo.Acho que o evento tem que ser ampliado, itinerante e ter patrocinadores”, concluiu. O evento continua nesta segunda-feira com exposição de livros e fotografias, palestras, saraus e rodas de poesia, das 10h às 22h.