O Dia

A favela manda a letra

Festa literária no Viaduto de Madureira reúne livros que têm as comunidade­s como protagonis­tas.

- FABIO PERROTTA JR. fabio.perrotta@odia.com.br

Domingo, 16 horas. O termômetro horário era beirava os 40 graus e o no o mesmo do jogo do Flamengo na praia Maracanã ou de uma tarde lotada. Embaixo de Copacabana, que estava em Madureira, do viaduto Negrão de Lima, enfrentava­m o contudo, cerca de 50 pessoas de conversa com calor para assistir uma roda negra. quatro autores de literatura do primeiro A ação faz parte da programaçã­o Literária, realizado Festival Favela

Favelas (Cufa), que pela Central Única das diversos estados do acontece também em também para esta Brasil e tem programaçã­o segunda-feira. da Cufa e Segundo Nega Gizza, diretora do evento, a leitura uma das idealizado­ras como mudou a dela. pode mudar vidas, assim o mundo “Meu pai me ensinou a entender gibis, com muitas da literatura atraída pelos o tempo, descobri imagens e pouca falas. Com minha mente poderia que com a leitura, a ou palavra. O livro viajar em cada letra está aqui, no é transforma­dor e o exemplo que estão vindo e próprio festival. Pessoas cinco livros, apenas comprando três, quatro,

Nosso objetivo é no primeiro dia de evento. que é importante incentivar e ensinar a favela disse. ler literatura em geral”,

Otávio Junior é um velho

O DIA. conhecido do Ganhador da medalha Orgulho do Rio em 2011, o escritor contou que o livro transformo­u a sua vida.

“Como todo menino, tinha jogador o sonho de ser de futebol. Estava caminhando alguns amigos com para jogar e, no caminho, achei um livro. Ali, naquele momento, deixei o futebol de lado por alguns minutos e comecei a ler. O livro mudou essa trajetória e mudou meu sonho”, contou.

O escritor, autor de mais de 60 obras, sendo cinco delas já publicadas, programa participou do Caldeirão do Huck em 2006. o prêmio de Com R$ 10 mil ganho no quadro ou Nunca’, ‘Agora Otávio investiu tudo no seu projeto ‘Ler É 10 - Leia

Favela’.

“Eu circulava durante a semana em favelas do complexo da

Penha e do Alemão com uma mala cheia de livros. Percebi que as crianças gostavam de ler, mas não se sentiam representa­das nas histórias. Em um primeiro momento, escrevi histórias ambientada­s na favelas e agora estou escrevendo sobre histórias ambientada­s nas favelas e com protagonis­tas negros”.

A estudante universitá­ria

Mariana Santos optou por trocar o belo dia de sol na praia para acompanhar a programaçã­o do evento. “O verão nem começou ainda, então terei muito tempo para aproveitar tipo de o sol. Esse festival é importante para qualquer pessoa da sociedade. Abordando o tema de favela fica mais importante ainda, pelo menos para quem mora lá, como

Uma eu”, contou. das palestrant­es com um discurso mais acalorado, Mãe Flávia

Pinto é autora do livro’Levanta Favela!

Vamos Descoloniz­ar o Brasil’. Segundo ela, esse tipo de evento é de suma importânci­a para a população das comunidade­s.

“O Festival Favela Literária é importantí­ssimo, já que a maior parte da população que não lê está nas favelas. conhecimen­to, Com literatura e temos uma ferramenta poderosa muito para transforma­r a cultura opressão, da violência, da do racismo e do sexismo.Acho que o evento tem que ser ampliado, itinerante e ter patrocinad­ores”, concluiu. O evento continua nesta segunda-feira com exposição de livros e fotografia­s, palestras, saraus e rodas de poesia, das 10h às 22h.

 ?? LUCIANO BELFORD ??
LUCIANO BELFORD
 ??  ?? Escritores convidam visitantes a bater um papo
Mãe Flávia Pinto, escritora
SERVIÇO
Local: Espaço Cufa (embaixo do Viaduto Negrão de Lima) Horário: 10h às 22h Endereço: Rua Francisco Batista, 1, em Madureira
O estímulo à leitura é um dos objetivos do evento da Cufa
Escritores convidam visitantes a bater um papo Mãe Flávia Pinto, escritora SERVIÇO Local: Espaço Cufa (embaixo do Viaduto Negrão de Lima) Horário: 10h às 22h Endereço: Rua Francisco Batista, 1, em Madureira O estímulo à leitura é um dos objetivos do evento da Cufa

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil