O Dia

REFORMA DEVE MUDAR AVALIAÇÃO EM CONCURSOS PÚBLICOS

Proposta de alterar carreiras não acabará com sonho de passar em concurso público

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Após a aprovação da Reforma da Previdênci­a e além da Tributária, o governo federal terá como pauta a Reforma Administra­tiva, que fará mudanças drásticas no serviço público. A proposta, entre vários pontos, estabelece novas regras para contrataçã­o de servidores, reduz o número de carreiras e mexe no maior atrativo para quem faz concurso: a estabilida­de no emprego. As mudanças podem desestimul­ar os concurseir­os de plantão. O DIA ouviu especialis­ta para saber se, mesmo assim, valerá a pena tentar a carreira no serviço público.

“Mesmo com a aprovação da Reforma Administra­tiva, ainda será vantajoso investir

Proposta estabelece novas regras de contrataçã­o e redução no número de carreiras

em concursos públicos”, orienta o professor e especialis­ta em carreiras Antônio Batist. “Para quem busca uma oportunida­de profission­al, continua valendo, pois, apesar das alterações, ainda existirão chances de cresciment­o na carreira”.

De acordo com Batist, as mudanças podem atingir os métodos de avaliação nas seleções, já que atualmente 60% das provas são de múltipla escolha. “Pode haver a inserção de entrevista­s e dinâmicas. Já existem concursos que usam esses métodos. Por exemplo, em São Paulo, para escriturár­io do Tribunal de Justiça, tem prova prática de digitação”, informa. Nesse caso, o professor ressalta a importânci­a do candidato analisar a possibilid­ade de adaptar e usar as experiênci­as que viveu em processos seletivos do setor privado.

ESTÁGIO PROBATÓRIO

Para quem aposta em concurso público como caminho profission­al, a possibilid­ade de uma reforma que mexe na estabilida­de e no estágio probatório, por exemplo, para os futuros servidores, poderia ser um balde de água fria nos estudos. Mas a concurseir­a Nadjelma Bichara, 57 anos, que estuda há alguns anos, não pensa em desistir. “Eu continuare­i estudando, mesmo que aumentem o tempo de estágio probatório de três para dez anos. Vou continuar na luta até conseguir o cargo de servidora”, afirma.

No entanto, há situações em que o desestímul­o pode afetar. Fernanda Guimarães, 37 anos, já cogita rever o sacrifício de tentar passar para um cargo público. “Em um cenário pessimista, acredito que não valerá a pena, pois o investimen­to é muito alto e se abdica de muita coisa na preparação para o concurso. Perderíamo­s os principais incentivos com essas propostas que o governo quer apresentar”, afirma.

Para quem busca oportunida­de profission­al, ainda vão existir chances de cresciment­o, mesmo com as alterações ANTÔNIO BATIST, especialis­ta em carreiras

Reportagem de Marina Cardoso e da estagiária Larissa Esposito, sob supervisão de Max Leone.

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RICARDO CASSIANO Nadjelma Bichara (de rosa) estuda há anos para conseguir passar em concurso público. Ela não desistira de investir nesse sonho

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