MINISTRO PAULO GUEDES FALA EM RETORNO DO AI-5 E GERA REVOLTA
Ministro se refere a preocupação com reformas e protestos em outros países
Diante da repercussão da declaração de que a sociedade não deveria se surpreender caso alguém peça um novo AI-5, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu ontem que se pratique uma “democracia responsável” no país. A posição do ministro sobre o AI-5 foi duramente criticada por autoridades como o presidente do STF, Dias Toffoli, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A declaração ocorreu em entrevista na noite de segunda-feira, em Washington, ao tentar explicar que há preocupação com o ritmo das reformas econômicas diante dos protestos de rua em países da América Latina. Ontem, ao chegar a um evento, Guedes não respondeu perguntas sobre o assunto. O ministro reafirmou que o tema coloca em alerta o calendário das reformas econômicas. Após ser solto, o ex-presidente Lula convocou a juventude a protestar e declarou que “um pouco de radicalismo faz bem à alma”.
Sem citar Lula, Guedes disse que não é “inteligente” por parte da oposição fazer protestos pois a convulsão social “assusta” os investidores. “Acho que devemos praticar uma democracia responsável (…) Vamos jogar o jogo democrático corretamente. Daqui a três anos você volta e muda”, disse.
O AI 5 foi a mais dura medida instituída pela ditadura militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e suspender direitos civis. Há cerca de um mês, o filho do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro, defendeu medidas como
O AI-5 foi a mais dura medida instituída pela ditadura militar, em 1968
“um novo AI-5” para conter manifestações de rua, caso “a esquerda radicalizasse”.
O presidente Bolsonaro se esquivou da declaração de Guedes. “Eu falo de AI-38, quer falar do AI-38, eu falo agora contigo aqui. Quer o AI-38, eu falo agora. 38 é meu número”, respondeu ao ser questionado pela imprensa, se referindo ao seu novo partido o Aliança Pelo Brasil que deverá ter o número 38, calibre de um revólver.