FábiaOliveira
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Sete é número de sorte de Evelyn Bastos, que está completando 7 anos de reinado à frente da bateria da Mangueira. Convidada para ser a majestade do Camarote O Dia na Folia, ela é formada em Educação Física pela UERJ, mantém dois projetos sociais e tem orgulho de ser uma mulher negra e moradora de uma comunidade que vive uma realidade difícil durante o ano inteiro. “Só quem mora no morro é que sabe. Levar as questões sociais no momento que o mundo inteiro olha para o pobre, o preto e aqueles que fazem o Carnaval é de suma importância”. https://odia.ig.com.br/colunas/fabia-oliveira
Você é formada em Educação Física pela UERJ e uma mulher que se posiciona e sabe do seu papel dentro da escola. Fale sobre isso.
NSou formada em Educação Física pela UERJ e quando eu cheguei lá, em 2013, conheci uma galera com vontade de tornar tudo igual e decidi fazer parte. Além de me tornar universitária, eu virei também uma ativista social. Comecei pelos sonhos menores para que eles pudessem ser realizados. Me envolvi com a população de rua e aí passei a entrar nas questões sociais dentro da minha comunidade. Eu sabia que poderia usar esse espaço de rainha de bateria para poder falar nas minhas redes sociais. Obviamente há quem goste e até me ajude a levantar essas bandeiras, e há quem não goste e eu respeito. É muito difícil ser taxada por uma pessoa que não tem valor por causa do seu comprovante de residência. Você ser abordada de uma forma mais abusiva porque você está saindo de uma das vielas da comunidade, ter dificuldade de sair de casa para trabalhar ou de levar seu filho à escola porque tem um confronto. A realidade de uma comunidade é muito além do que passa na televisão. É muito além do que um relato de uma pessoa que entrou no morro duas ou três vezes e tem uma visão muito superficial e rasa da situação. Só quem mora no morro é que sabe. Levar as questões sociais no momento que o mundo inteiro olha para o pobre, o preto e para aqueles que fazem o Carnaval é de suma importância. É um grito, um grito de liberdade, um grito por igualdade e respeito.
LNLLNNLNNMe fale um pouco sobre o seu projeto social?
Trabalho com dois projetos sociais. O primeiro é o SAC, ‘Samba Amor e Caridade’, que nós conseguimos atender 500 moradores de rua do Centro do Rio e assistimos com alimentação, água e kit higiênico, além de material de higiene pessoal. Nós conversamos e, principalmente, ouvimos as histórias dessas pessoas e recebemos uma troca muito especial, uma gratidão diferente que é pela vida. Nós passamos a agradecer por ter uma cama para dormir, um prato de comida, uma água limpa para beber, um par de chinelos para calçar e outras coisas que todo mundo acha natural, normal e muitas pessoas não têm absolutamente nada. E tenho o projeto ‘Sementes de Rainha’, que é com meninas e adolescentes que sonham ser rainhas ou passistas. Além de ensinar a sambar e ter postura, temos redações e incentivo aos estudos. Nós queremos colocar essas meninas nos lugares onde elas quiserem e que elas tenham também consciência de quem elas são e possam ser.
Como foi o convite para ser a rainha do camarote O Dia na Folia e como você espera ser o seu reinado?
Fiquei muito feliz com o convite. Me senti muito honrada e achei ótima essa parceria. Eu espero ter um reinado de muita felicidade, festa e que sejam dias incríveis com todo mundo que for participar desse camarote. Ah! E espero estar no sábado das Campeãs com a faixa de campeã pela Mangueira do Carnaval 2020.
A gente sabe que você é uma mulher que se cuida o ano inteiro, mas o que você faz no dia mesmo do desfile? Como é o dia do desfile da Mangueira?
LLNo dia do desfile eu procuro ficar bem tranquila. Gosto de ficar em silêncio e procuro estar perto das pessoas que eu amo para que elas possam emanar energias positivas pra mim. Bebo bastante água e procuro evitar a ansiedade à medida em que vai chegando o horário do desfile, mas a adrenalina é inevitável.
LTem algum ritual ou simpatia para entrar na Sapucaí?
NEu tenho um cuidado muito grande com a minha espiritualidade a semana inteira que antecede o desfile. Eu me conecto com orações e pensamentos positivos.
Qual é o maior medo de uma rainha de bateria na Avenida?
Acho que o maior medo é atrapalhar a bateria de alguma forma. Tem que estar ligada para manter uma distância do mestre e fazer com que ele sinta à vontade ali na frente dos ritmistas. Também não pode atrapalhar os diretores que vêm no meio da bateria porque eles precisam enxergar o mestre. Tem que ficar bem ligada.
LNO que não pode faltar na sua bolsa de rainha?
Uma pergunta difícil porque não falta quase nada na minha bolsa, por exemplo. Eu carrego o mundo (risos). Até lixo eu carrego! Coloco em um saquinho para guardar as coisas que eu preciso jogar fora e não encontro uma lixeira perto, por exemplo. Boto tudo lá para depois descartar.
Já pensa em aposentar a coroa?
Estou indo para o sétimo ano de rainha, o meu número da sorte, e eu me sinto muito à vontade na escola. Tenho ótima relação com a diretoria e não estou pensando em me aposentar, mas estou preparando dentro do meu projeto ‘Sementes de Rainha’, uma menina para passar a coroa. É o meu desejo que uma delas herde o meu posto.
Quero ter um reinado de muita felicidade e festa. Eu espero que sejam dias incríveis no Camarote O Dia Folia