O Dia

Viva o Carnaval!

- Lindbergh Farias ex-senador (PT-RJ)

Oatual prefeito do Rio de Janeiro não gosta de Carnaval: isso não é novidade. Em seu último ano de mandato - e como em todos os anteriores - Crivella não irá ao Sambódromo. Porém, o problema infelizmen­te não se limita a gosto pessoal.

Mais uma vez, conforme a data se aproxima, nos deparamos com a lamentável postura da prefeitura em relação ao Carnaval do Rio. Como no ano passado, Crivella insiste em um discurso que afirma que os cortes no Carnaval são necessário­s para que se apliquem mais recursos na Saúde e na Educação.

Mas será mesmo que o Carnaval é um “gasto”, como parece ser visto pelo prefeito? E mais, os cortes na folia ao longo de sua gestão geraram de fato um aumento de investimen­tos em setores básicos?

Ora, Carnaval não é gasto, é investimen­to! Investimen­to esse que movimentou cerca de R$ 3,8 bilhões na economia carioca no ano passado. Segundo a Fecomércio, a festa movimenta em quatro dias um valor referente a quase seis meses sem eventos na cidade. Além disso, gera dezenas de milhares de empregos temporário­s - e os números sobem para centenas de milhares quando consideram­os os empregos informais.

Em relação a 2020, a Confederaç­ão Nacional do Turismo estima que o Carnaval atingirá o maior volume de receitas dos últimos cinco anos, sendo o Rio de Janeiro o líder dessa geração de recursos. Diante disso, o argumento de Crivella cai por terra: se para cada real investido em eventos culturais tem-se um retorno de R$ 13 (dados da FGV, 2018), é fundamenta­l que a prefeitura continue fazendo grandes investimen­tos em uma festa tão lucrativa.

Além disso, o discurso adotado pelo prefeito não é apenas equivocado, é falacioso. Embora tenha reduzido a cada ano as verbas municipais para a festa (entre 2017 e 2019, por exemplo, os repasses foram reduzidos a menos da metade), isso não represento­u um aumento nos gastos com Saúde e Educação.

Pelo contrário, o que vemos no Rio de Janeiro é o progressiv­o sucateamen­to desses serviços. Na Saúde, que parece ser a maior vítima da atual gestão, um cenário desastroso: nos últimos três anos, a prefeitura deixou de investir mais de R$ 2 bilhões no setor, resultando em fechamento­s de centenas de unidades de Saúde e demissões em massa. Na Educação, a situação não é menos desoladora: vertiginos­os cortes nos investimen­tos a cada ano, além de falta de transparên­cia nos gastos da pasta.

Por isso, defendo e exalto o “maior espetáculo da Terra” não apenas por sua relevância cultural e simbólica - sobretudo em tempos tão difíceis - mas por sua importânci­a econômica, gerando impactos positivos na vida de milhares de moradores da nossa cidade.

Viva o Carnaval!

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