O Dia

PORTELA E MANGUEIRA NA BRIGA

Enredo sobre Jesus Cristo coloca Verde e Rosa entre as favoritas no primeiro dia de desfiles

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As duas maiores campeãs do Carnaval levaram comissões de frente impactante­s à Sapucaí e foram destaques de domingo. Portela (acima) simulou um ritual de canibalism­o, enquanto a Mangueira (abaixo) retratou uma “dura” da polícia em Jesus e seus apóstolos. Viradouro veio bem, mas teve problemas em uma das alegorias.

Requinte, garra e crítica social marcaram o primeiro dia de desfiles do Grupo Especial, no domingo. Sem chuva para atrapalhar, as agremiaçõe­s puderam mostrar seus melhores trabalhos ao público, que lotou a Marquês de Sapucaí. Viradouro, Mangueira e Portela se destacaram e devem voltar à Avenida no Sábado das Campeãs. A Verde e Rosa como forte candidata ao bicampeona­to.

Cercada por expectativ­a, a imagem de Jesus Cristo negro, no penúltimo carro da Mangueira, arrancou aplausos do público. E trouxe reflexões sobre o assassinat­o de jovens nas comunidade­s do Rio. Na alegoria, o homem negro crucificad­o tinha o cabelo descolorid­o à moda da favela e o corpo cravejado de tiros. Na cruz, uma inscrição como sentença, a palavra ‘negro’. No enredo ‘A Verdade Vos Fará Livre’, Jesus Cristo ainda assumiu outras faces: de LGBTs, mulheres e índios.

Como nunca se viu na Avenida, a Rainha de Bateria da Verde e Rosa teve o corpo coberto e não sambou. Evelyn Bastos represento­u Jesus Cristo como mulher e evoluiu na pista com gestos dramáticos. Segundo o carnavales­co Leandro Vieira, a orientação teve o objetivo de não criar polêmica entre religiosos. “Por conta do personagem escolhido, era preciso respeito para não ofender a fé alheia”, disse Vieira.

A Viradouro protagoniz­ou outro momento marcante da noite. Com o enredo ‘Viradouro de Alma Lavada’, sobre as lavadeiras da Lagoa do Abaeté, a escola impression­ou o público com um grande aquário de sete mil litros de água na Comissão de Frente. Dentro, uma atleta do nado sincroniza­do fazia movimentos submersos caracteriz­ada como sereia. Os jurados chegaram a levantar para aplaudir a encenação.

As arquibanca­das respondera­m bem ao samba da Viradouro, que apostou na interação com o público para cativar a Sapucaí. As baianas entregaram saquinhos de cocada e, mais atrás, componente­s distribuír­am fitinhas de Nossa Senhora da Conceição. Deu certo. O desfile só não foi perfeito devido a um problema na iluminação do último carro, que passou apagado pelas cabines dos jurados.

Com a proposta de contar a história do Rio pelo olhar do indígena, a Portela fez uma apresentaç­ão imponente, como anunciava a águia do carro de abertura, mais hi-tech do que nunca. A Comissão de Frente impactou o público ao mostrar um ritual antropofág­ico em que os índios tupinambás, primeiros habitantes do Rio, comiam os europeus em plena Avenida. Porém, alguns erros de execução prejudicar­am a performanc­e.

Viradouro traz sereia dentro de um aquário, e Portela representa ritual indígena antropofág­ico

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Portela apresentou a história do Rio de Janeiro a partir da visão dos índios
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