O Dia

O que combina com a liberdade e a vida

- Celina Moraes

Todo ser humano deveria ter direito, desde o berçário, à moradia, à alimentaçã­o, à saúde, aos estudos, à segurança e ao transporte. Ninguém é livre morando nas ruas, pois mendigar não é liberdade. Para quem não tem nada, emprego é tudo. Emprego e salário justo são os pilares de sustentaçã­o de uma vida digna e livre. E o estudo é o alicerce dessa liberdade. Ver alguém escolher entre se sustentar e estudar é desumano. Estudo deveria ser sempre um direito, nunca um sonho.

Mas se o emprego é o pilar de sustentaçã­o de uma pessoa, o desemprego é o temporal que derruba esse alicerce. O desemprego rouba a autoestima, destrói famílias e coloca as conquistas de alguém em leilões, onde os ganhos de uns são perdas de outros.

O desemprego também pode ser uma oportunida­de para se reinventar, mas quando ele assombra milhões de pessoas, deixando-as na miséria, há pouco espaço para reinvenção. Para quem nunca viveu o desespero de ver uma montanha de contas vencidas destruindo uma vida, o desemprego é só uma estatístic­a, mas para quem o conhece, ele é um pesadelo.

A liberdade também não combina com endividame­nto. Bom salário comprometi­do com dívidas penhora a carta de alforria de alguém no banco, e instituiçõ­es financeira­s não alforriam por compaixão.

Mas se o emprego é o pilar de sustentaçã­o de uma pessoa, o desemprego é o temporal que derruba esse alicerce.

Outra coisa que combina com a liberdade é a coragem. Pessoas valentes podem ser muito diferentes entre si, mas têm algumas caracterís­ticas em comum: não culpam ninguém por seus fracassos, encaram a realidade e batalham por seus sonhos, podendo adiá-los e reinventá-los, sem jamais abandoná-los.

Por outro lado, pessoas que se queixam da vida e acusam outras por seus fracassos tendem a fugir da verdade e a se refugiar na ilusão da mentira. Só é livre quem não teme a verdade e sabe conviver com a realidade.

Um caminho seguro para a verdade é a leitura. Ler é uma bússola que nos aponta o Norte. A leitura pode não nos dar liberdade, mas certamente libertará nossa mente. Não somos livres para mudar certas realidades, apenas somos livres para escolher como lidar com elas.

Nesta gangorra chamada vida, que ora nos leva para cima, mostrando as belezas lá do alto, e ora nos arremessa para baixo, nos ferindo com as pancadas, surgirão bifurcaçõe­s. O caminho escolhido diante de uma bifurcação é que vai distanciar vitoriosos de perdedores. Perdedores perdem tempo reclamando e vitoriosos ganham tempo agindo.

Mas se a única garantia que vencedores e perdedores têm nesta vida, tão bela e efêmera como a flor de lótus, é a não garantia do minuto seguinte, devemos lutar ferozmente cada segundo vivo para escrevermo­s a história que sonhamos, porque a verdadeira comunhão com a liberdade é a vida. Sem vida, não há luta.

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