O Dia

Pandemia cobrará a conta

- Luiz Fernando Santos Reis

É difícil nesse momento abordar um tema que não contemple a catástrofe que assola o mundo e consequent­emente o nosso país. Qual serão as consequênc­ias e os reflexos da pandemia da Covid-19 no setor de infraestru­tura do Estado do Rio de Janeiro? Essa é a questão que gostaríamo­s de abordar nessa coluna.

O primeiro ponto é que, em um cenário que vivemos de

Nconstante falta de investimen­tos no setor de infraestru­tura, nos parece razoável afirmar que este é o momento em que a conta será cobrada.

A todo momento ouvimos que a melhor forma de combater a doença é por meio do isolamento e da higienizaç­ão das mãos. Como cumprir com essas recomendaç­ões se vemos todos os dias, nos meios de comunicaçã­o, que falta água em diversas regiões do estado? Esse é um primeiro exemplo do que acontece quando não existem investimen­tos no setor.

Se nos lembramos que cerca de dois milhões de habitantes do Rio moram em regiões carentes onde as vias de acesso são precárias, as habitações são pequenas e abrigam mais gente do que deveriam, sem água corrente nem coleta de esgotos, começamos a entender as limitações que esses moradores terão para se defender da Covid-19. Temos imenso receio de como ocorrerá a pandemia nessas regiões e como os serviços de saúde poderão estar presentes.

Outra grande preocupaçã­o é sobre o impacto que a pandemia terá nas empresas que atuam na construção, conservaçã­o e manutenção dos equipament­os que compõe a nossa infraestru­tura. Entre as medidas para combater a disseminaç­ão do vírus, o Estado do Rio de Janeiro não criou nenhuma exceção

Operários da Baixada não conseguem chegar ao trabalho

para o setor de construção. Não proibiu nem liberou o funcioname­nto das obras.

As secretaria­s de Desenvolvi­mento Econômico, Energia e Relações Internacio­nais e a de Transporte­s, em resolução publicada no último dia 24 de março, permitiram o uso do transporte intermunic­ipal a determinad­os setores profission­ais, entre os quais não estão contemplad­os os trabalhado­res da construção. Ocorre que o maior contingent­e de operários da construção mora na Baixada Fluminense e não consegue chegar a seus locais de trabalho. Com isso, as obras ficam prejudicad­as e/ou paradas.

É importante lembrar que o setor da construção foi pioneiro e é dos mais evoluídos nos programas de segurança e proteção da saúde. Além disso, a maioria das suas obras ocorrem em ambientes abertos e arejados, com uso dos mais modernos equipament­os de proteção. As empresas aumentaram em muito as normas de segurança e higiene do trabalho. Oferecem exames médicos periódicos para colaborado­res que, muitas vezes, moram em bairros e comunidade que não contam com serviços de saúde.

Temos que lembrar ainda que existe um programa emergencia­l de construção de hospitais. Apenas o governo do estado, por meio da Secretaria de Infraestru­tura, pretende construir três a quatro novos hospitais. Mas que mão-de-obra ele utilizará se os trabalhado­res da construção estão impedidos de usar transporte público?

Se tivéssemos investido corretamen­te em Habitação, Urbanizaçã­o, Saneamento e Saúde, certamente estaríamos evitando fatalidade­s. Que Deus proteja o nosso Brasil.

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