42 mortos em 24h. E Bolsonaro quer fim do isolamento
Além do recorde de óbitos em um só dia, país teve aumento de 25% nos casos confirmados. Presidente distorceu fala de diretor-geral da OMS para sustentar sua posição _ cada vez mais isolada.
Na mira do Supremo Tribunal Federal (STF), de especialistas na área de saúde, de partidos de oposição e até de aliados, o presidente Jair Bolsonaro, parecendo ignorar a gravidade da situação, voltou a defender o fim do isolamento social para conter o avanço do coronavírus. Mas, em pronunciamento na noite de ontem, Bolsonaro evitou tocar no assunto. O presidente citou, fora de contexto, trechos da fala do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom sobre os impactos na economia. No momento da transmissão presidencial, panelaços e gritos de “Fora Bolsonaro” foram ouvidos em várias regiões do Brasil.
Mais cedo Bolsonaro disse que o diretor da OMS “apoiava” a volta de informais ao trabalho. O que foi rebatido pelo próprio diretor-geral em sua conta no Twitter: “Pessoas sem fonte de renda regular ou sem qualquer reserva financeira merecem políticas sociais que garantam a dignidade e permitam que elas cumpram as medidas de saúde pública para a Covid-19 recomendadas pelas autoridades nacionais de saúde e pela OMS”.
Ontem, aliados de Bolsonaro publicaram em redes sociais o discurso editado e fora de contexto do diretor-geral da OMS para dar a entender que o africano apoiava o fim do isolamento. Na verdade, Adhanom citou a preocupação com pessoas isoladas em lugares mais pobres que têm que trabalhar diariamente para ganhar o “pão de cada dia”. Frase que foi citada, erradamente, por Bolsonaro no pronunciamento. O presidente omitiu que Adhanom cobrou dos governos medidas para garantir a renda da população mais pobre com a crise do coronavírus.