O Dia

PESCADOR DE ILUSÕES

Trabalhado­res do mercado pesqueiro amargam crise por conta da pandemia do novo coronavíru­s

- anderson.justino@odia.com.br ANDERSON JUSTINO

As redes dos trabalhado­res informais que vivem do pescado na Baía de Guanabara voltam do mar cheias de tristeza nesses tempos de pandemia. Os compradore­s sumiram e até o movimentad­o Mercado São Pedro, em Niterói, anda às moscas.

Passara madrugada dentro de um barco na Baía de Guanabara nunca foi uma adversidad­e para o pescador Valdemir da Silva. Aos 57 anos, 35 deles vividos no mar, nunca pensou que teria sua vida alterada “devido a um vírus que surgiu do outro lado do mundo, na China”, como ele conta. Morador de Brás de Pina, na Zona Norte do Rio, o profission­al está entre os milhares de cariocas que tiveram sua renda alterada por conta da pandemia do novo coronavíru­s. Apesar dos problemas, não parou de trabalhar e continua pescando sardinhas para vender. A dura realidade de Valdemir pode ser comprovada, de forma mais ampla, ao se chegar ao tradiciona­l Mercado São Pedro, em Niterói, onde as vendas de pescados praticamen­te zeraram nesse período.

A renda de Valdemir, antes de R$ 1.300 por mês, despencou há pelo menos três semanas, após a determinaç­ão de isolamento social. Ele é um dos pescadores informais que vivem da pesca na Baía de Guanabara. Dentro de casa, outras quatro pessoas dependem da verba do pescado para sobreviver.

“Minha esposa está desemprega­da. Além dela, moram comigo minha filha e minha neta. Todas dependem dessa renda para se alimentar. A situação está cada vez pior”, lamenta.

CRISE NO ESTADO

O pescador faz parte do grupo de trabalhado­res autônomos que deve receber o auxílio de R$ 600, apelidado de ‘coronavouc­her’. Valdemir está esperanços­o com a promessa do governo, de que o pagamento deve iniciar na semana que vem.

Representa­ntes da Associação dos Pescadores Livres do Gradim, em São Gonçalo, alertam que a crise por conta da Covid-19 atinge o mercado pesqueiro em todo o estado. Muitas colônias de pesca estão fechadas por conta da ordem de isolamento.

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REGINALDO PIMENTA Valdemir da Silva, 57 anos, 35 de pesca, viu a renda mensal despencar. Esperança é o voucher de R$ 600
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Valdemir da Silva vive da pesca há 35 anos e diz nunca ter visto crise como essa do coronavíru­s

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