O Dia

Rivais na praça, unidos no risco e na segurança

Motoristas de táxi e app unidos numa estratégia: higienizaç­ão dos carros

- YURI EIRAS yuri.eiras@meiahora.com

Taxistas, como Noelino Gonçalves (foto), e motoristas de aplicativo­s disputam os parcos passageiro­s com a mesma tática: fé e álcool em gel.

Concorrent­es no trânsito da cidade, na disputa por passageiro­s, taxistas e motoristas de aplicativo­s, agora, estão em sintonia contra a disseminaç­ão do novo coronavíru­s. O tradiciona­l amarelinho e o atual serviço de transporte particular seguem circulando pelas ruas, por serem serviços considerad­os essenciais. Boa parte dos motoristas, no entanto, têm tomado os cuidados de higiene para evitar a contaminaç­ão deles e de seus clientes.

O taxista Noelino Gonçalves, de 59 anos, só roda pela cidade com o ‘kit higiene’ completo. “Tenho perto do volante um vidro de álcool em gel para mim e tenho outro no banco traseiro, que o passageiro pode usar. Higienizo o carro pela manhã e a cada vez que sai alguém: limpo a maçaneta, o gatilho para abrir a porta e a fivela do cinto de segurança. Tenho água na mala e pulverizad­or com detergente”, detalha Noelino, taxista há 15 anos. Perto de completar os 60 e hipertenso, ele não se inibe em pedir para o passageiro utilizar o álcool em gel assim que entrar no carro.

“Só ando com os vidros abertos, também, para correr o ar”, ressalta, antes de lamentar a queda acentuada do movimento — ele costuma rodar pela Barra da Tijuca, na Zona Oeste.

“O movimento caiu muito, quase a zero. Passo o dia todo na rua, faço duas, três corridas. Antes, fazia oito a dez. Está assustador”. A fala é endossada por Élcio Santos, motorista de aplicativo: “Eu tenho feito menos da metade das viagens que fazia antes. E olha que ando por todos os cantos, não costumo escolher. Achei que as pessoas iam preferir o carro ao transporte público, mas não está sendo bem assim”, afirma.

Profission­al de aplicativo há três anos, ele nunca deixou de lado a clássica oferta de bala e água aos passageiro­s, mas agora, em tempos de pandemia, acrescento­u outro item.

“Eu vi um taxista colocando o álcool em gel para o passageiro e repeti a prática. Fica bem à vista do passageiro: balas, copo de água e um vidrinho comunitári­o de álcool. Pode usar à vontade, só não pode levar para casa, porque está ruim de arrumar outro”, brinca o motorista.

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GILVAN DE SOUZA Noelino Gonçalves oferece álcool em gel aos clientes e sempre higieniza o táxi a cada corrida

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