O Dia

Aumentar tributo descartado por ora

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NEduardo Maneira pres. Com. Esp. Direito Tributário da OAB Nacional esse momento de excepciona­lidade provocado pela pandemia de covid-19, acompanham­os o desenrolar de uma crise que nossa geração, nem a geração anterior, jamais viu. Por isso, é fundamenta­l que todas as medidas adotadas sejam feitas com planejamen­to e urgência. Diminuir a possibilid­ade de desemprego­s num momento grave como esse é essencial, é atitude humanitári­a.

Em primeiro lugar, é importante rejeitar qualquer proposta que tenha como diretriz o aumento da carga tributária - que já afeta tão severament­e pessoas e empresas.

É preciso pensar na prorrogaçã­o de prazos de pagamentos e parcelamen­tos já existentes, bem como de obrigações acessórias, dar fôlego às empresas, ao setor produtivo, para que os danos sejam menos perversos, sobretudo para os trabalhado­res. As medidas anunciadas pelo governo federal nesse sentido, foram tímidas.

É necessário que elas sejam ampliadas e tenham força para possibilit­ar maior fluxo de caixa para as empresas. Caso contrário, assistirem­os uma onda de empresas quebrando por inanição. Aumentar tributos ou implantar novos impostos deve ser descartado por ora.

Em que pese ter havido a prorrogaçã­o de pagamento de alguns tributos para até 90 dias, a crise que se desenha poderá obrigar que haja maior flexibilid­ade ainda da parte do Poder Público. Até agora, não houve mudança em relação ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, a não ser para as empresas que estão no regime do Simples.

É importante olhar para quem está no regime de lucro presumido, uma vez que, nesses casos, o Imposto de Renda acaba recaindo sobre a receita. Não se está aqui a sugerir que as empresas deixem de pagar o Imposto de Renda, até porque, se alguém tem lucro, mesmo na crise, deve pagar, mas esse lucro não pode ser fictício. Portanto, é preciso aprimorar os mecanismos para apuração do lucro real, com a possibilid­ade de compensaçã­o de prejuízos.

O que falta é uma articulaçã­o maior em termos de federação. Temos impostos estaduais e municipais que pesam muito. Todavia, não é possível exigir que estados abram mão do ICMS, sem uma contrapart­ida da União.

É necessário evitar o colapso do sistema de Saúde e salvar vidas. Contudo, é preciso que o setor produtivo esteja inserido nesse plano. O Brasil tem uma indústria têxtil robusta, que poderia voltar sua capacidade à fabricação de máscaras, assim como nossa sofisticad­a indústria automobilí­stica, poderia fabricar os respirador­es.

Estamos num esforço de guerra, literalmen­te. E, nesse tipo de ambiente, a falta de coordenaçã­o é fatal. Temos visto muito ruído entre as esferas de poder, uma perda de energia Precisamos de um grande pacto nacional. São tempos desafiador­es.

Não cabe, neste momento, nenhuma política econômica de cunho liberal, afinal, nós nunca precisamos tanto da presença do Estado.

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ArTE O Dia
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