O Dia

José Serra é alvo da Operação Revoada

Agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços do senador no Rio e em São Paulo. Serra é investigad­o por lavagem de dinheiro internacio­nal.

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Asexta-feira começou movimentad­a no Leblon, área nobre do Rio de Janeiro. Desde o início da manhã policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão na Operação Revoada em endereços do ex-governador de São Paulo e atual senador José Serra (PSDB) e sua filha, Verônica Allende Serra, no Rio e em São Paulo. A acusação? Lavagem de dinheiro transnacio­nal.

Segundo a Lava Jato, Serra, entre 2006 e 2007, usou seu cargo e influência política para receber propina em troca da cessão de contratos bilionário­s de obras viárias. O rol de testemunha­s que embasa a denúncia é composto por dez executivos da Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS.

De acordo com o Ministério Público federal (MPF), Serra tinha conhecimen­to do interesse de empreiteir­as nas contrataçõ­es e ‘depositava em agentes públicos, como Paulo Vieira de Souza (ex-diretor da Dersa), a missão de negociar como se daria e qual a contrapart­ida aos pagamentos ilícitos seria fornecida’.

A versão foi corroborad­a, segundo o MPF, pelos depoimento­s de Pedro Novis, Marcelo

Odebrecht, Luiz Eduardo Soares, Arnaldo Cumplido, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos Armando Guedes Paschoal, Roberto Cumplido e Fábio Andreani Galdolfo, todos ex-executivos da Odebrecht, além de Flávio David Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez, e Carlos Henrique Barbosa Lemos, exdiretor da OAS.

PROPINA DE R$ 4,5 BI

De acordo com a procurador­ia, Serra solicitou, no fim de 2006, propina de R$ 4,5 milhões da Odebrecht e indicou que gostaria de receber o montante não no Brasil, mas no exterior. Nas planilhas do famoso Setor de Operações Estruturad­as da empreiteir­a, Serra ganhou o codinome ‘vizinho’, por morar próximo a seu principal contato na empresa, Pedro Novis. O então presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, confirmou em seu depoimento que o apelido era referência a José Serra. Em mensagem intercepta­da pelos investigad­ores, Marcelo se refere a ‘vizinho’ como possível futuro presidente da República, em atenção à iminente candidatur­a do tucano.

O executivo Roberto Cumplido, também da Odebrecht, teria dito que, durante as tratativas do cartel no processo licitatóri­o do Rodoanel Sul, o ex-diretor da Dersa, Mário Rodrigues Júnior, afirmou que, se as empreiteir­as conseguiss­em arrematar as obras em um valor próximo ao máximo previsto no edital, seriam exigidas ‘contribuiç­ões para campanhas eleitorais’ ao PSDB.

O PSDB acredita no sistema judicial do país e defende as apurações na utilização de recursos públicos, ao mesmo tempo em que confia na história do Senador José Serra e nos devidos esclarecim­entos dos fatos” NOTA DO PSDB

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ESTEFAN RADOVICZ Policiais federais aguardaram a chegada de um chaveiro para entrar no imóvel do Leblon

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