‘Interferência na PF é impensável’
Ministro da Justiça pontua, no entanto, que autonomia não é soberania
O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, disse ontem ser “ilusório pensar” que qualquer presidente, ministro ou político tem poder de ingerência na Polícia Federal. Mendonça assumiu a pasta após o exministro Sergio Moro sair do governo alegando que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na corporação. O caso é apurado em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Então elucubrar uma interferência no trabalho da Polícia Federal é impensável. E não é nesse governo. É em qualquer governo. Qualquer governo que tente isso não vai ter êxito. Pelo contrário. Terá contra si uma avaliação não só política, mas de uma situação de risco jurídico evidente”, disse.
Mendonça ponderou que a autonomia e independência da corporação não “significa soberania de atuação”. “Eu, como ministro, demando atuação efetiva da PF, cobro resultado, quero saber se estão fazendo operações, quais dificuldades estão tendo Seria irresponsável se eu não o fizesse, se presidente da República não cobrasse isso”, disse.
“O que a gente cobra é que persigam crime de modo parcial, de modo isento, sem perseguição de grupo A ou B, que tenham atuação responsável”, continuou.
Na reunião ministerial do dia 22 de abril, que se tornou pública após decisão da Justiça, Bolsonaro afirmou que não poderia “viver sem informação” e ser “surpreendido com notícias”. “Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações”, disse o presidente na ocasião.
“E não dá pra trabalhar assim. Fica difícil. Por isso, vou interferir! E ponto final, pô!”, disse também Bolsonaro. Ao sair do Ministério da Justiça, Moro alegou que a reunião seria uma prova da tentativa de interferência do presidente na PF.