BARES LOTADOS NO LEBLON REACENDEM POLÊMICA SOBRE MEDIDAS DE FLEXIBILIZAÇÃO .
Clientes de bares do Leblon, na Zona Sul, viraram o centro de uma forte polêmica por desrespeitarem regras da flexibilização da prefeitura
De um lado, trabalhadores se espremem nos transportes públicos para chegar a seus empregos. Do outro, a aglomeração que tomou conta da Rua Dias Ferreira, no Leblon, Zona Sul do Rio, na noite de quinta-feira, durante a reabertura dos bares, dentro do processo de flexibilização da quarentena, orquestrado pela Prefeitura do Rio. A polêmica tomou conta das redes sociais, com muitas pessoas criticando, mas também saindo em defesa dos frequentadores dos bares e fazendo referência a aglomerações em outras áreas da cidade.
Mas quem realmente entende do assunto acompanhou o caso com preocupação. “É uma bomba-relógio que começou a ser armada, em relação a um possível novo pico da infecção. Por mais que o município e o estado estejam equipados para receber doentes, o que realmente importa é que as pessoas tenham consciência que não podemos nos descuidar. A flexibilização é para a Economia e não para os cuidados de higiene e proteção contra o coronavírus”, declarou Raphael Rangel, biomédico virologista do Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação.
De fato, as duas cenas descritas no início do texto nem se comparam, já que nos transportes públicos não há alternativa, enquanto em bares ou outros eventos de entretenimento, como bailes funk, as pessoas, em tese, saem de casa conscientes dos riscos a que estão se expondo e também a terceiros.
PORTAS FECHADAS
Para os bares, restaurantes e quiosques, o alívio por poder voltar a funcionar depois de mais de cem dias de portas fechadas precisou conviver com o descaso ou a impossibilidade de controlar o fluxo de clientes.
Outros bairros da cidade, como Copacabana, Tijuca, Vila Isabel e Barra também tiveram grande movimentação, mas o Leblon se destacou, já que não só os estabelecimentos, como as calçadas e até a rua foram tomadas por frequentadores.
A Guarda Municipal informou, em nota, que “os agentes determinaram o fechamento de diversos bares” e que vai intensificar a fiscalização no fim de semana. A Vigilância Sanitária também garantiu que vai reforçar a fiscalização.
Esse sentimento (exaustão pelo confinamento) leva muitas pessoas a negar os riscos e os perigos que ainda existem”
HELENA WATSON, Psicanalista
As pessoas usam muito o termo empatia, mas não estão utilizando na prática”
Raphael Rangel, Virologista