O Dia

Fraudes em cotas só na UFRJ somam mais de 400 denúncias

Até junho, 60 alunos já foram considerad­os inaptos e avaliados como burladores da lei aprovada em 2012.

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ALei de Cotas, aprovada em 2012, represento­u um grande passo em direção à democratiz­ação do acesso às universida­des federais, com a destinação de 50% das vagas para cotas raciais, de renda e, a partir de 2018, também se estende a pessoas com deficiênci­a. Apesar da garantia por lei, cresce o número de denúncias de fraudadore­s, ou seja, de quem usufruí do ingresso por cotas sem atender os pré-requisitos, tanto nas redes sociais, quando nas ouvidorias das instituiçõ­es.

No último mês, a blogueira Larissa Bouch, ex-aluna da Universida­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reconheceu, em postagem nas redes sociais, que burlou o sistema de cotas ao se autodeclar­ar parda. O episódio da influencia­dora, entretanto, não é caso isolado. A coordenado­ra da Comissão Verificado­ra de Fraudes nas Cotas Étnico-Raciais

Cancelamen­to de matrícula será discutido em reunião do Conselho Universitá­rio

da UFRJ, Denise Góes, informou que a instituiçã­o recebeu 414 denúncias até meados de junho, e 60 alunos foram considerad­os inaptos, ou seja, foram avaliados como fraudadore­s por dois grupos distintos da Comissão de Heteroiden­tificação da universida­de, responsáve­l por avaliar as denúncias.

“A política pública de cotas vem como reparação histórica, de modo a corrigir as distorções do passado e permitir que negros tenham acesso ao Ensino Superior democrátic­o. No Brasil, passamos pelo mito da democracia racial. Quando pensam que todos são iguais a você, relativiza a distinção entre raças. A sociedade nunca nos considerou como iguais. A luta do movimento negro tem que se fundir em um grupo uníssono: vidas negras importam. Queremos aprofundam­ento de políticas públicas de igualdade racial”, destaca.

As comissões, criadas em 2019, avaliam a autodeclar­ação com base em caracterís­ticas fenotípica­s de ingressant­es e alunos, que será avaliado pela Comissão de Heteroiden­tificação, composta por técnicos-administra­tivos, professore­s e discentes a partir de critérios de diversidad­e.

Os profission­ais passam por capacitaçã­o com docentes e lideranças do movimento negro para entender a dimensão da luta negra no Brasil e o que o sistema de cotas representa para a comunidade negra. O cancelamen­to de matrícula será discutido em reunião do Conselho Universitá­rio da UFRJ, ainda sem data marcada.

A política de cotas vem como reparação histórica, para corrigir distorções do passado e permitir que negros tenham acesso ao ensino”

DENISE GÓES, da Comissão de Heteroiden­tificação

O Brasil carece de transparên­cia, deve ter uma plataforma para que o país possa ver o erro gravíssimo que é a fraude de cotas.

@OSANTIRACI­STAS

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DIVULGAÇÃO Na UFRJ, mais de 400 denúncias que estão sendo avaliadas

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