Alerta vermelho PARA O CÂNCER
Nos corredores dos hospitais, o terror da covid-19 acomete a população, refletido em enfermarias e UTIs lotadas e, principalmente, no medo de contrair a doença. Apesar do direcionamento da força de trabalho para o combate ao coronavírus, o tratamento de outras enfermidades graves não espera, como é o caso do câncer. Levantamento das sociedades brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica aponta que entre 50 mil e 90 mil pessoas deixaram de receber o diagnóstico da doença entre março e maio deste ano e houve redução de 70% das cirurgias oncológicas.
“Como a orientação é para ficar em casa, muitos programas de rastreio de cânceres como colo de útero, mama e intestino foram prejudicados. As pessoas estão cancelando exames por medo, e tenho
Diagnóstico e acompanhamento da doença podem ser comprometidos devido aos casos de covid-19 certeza que o cenário se repete em outras especialidades”, explica Gélcio Mendes, coordenador de Assistência do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Na capital, entre março e abril de 2020, foram 1.906 biópsias, queda de 81% em relação a 2019.
Apesar de instituições continuarem com o tratamento, o assombro c a pandemia afasta pacientes oncológicos do tratamento, por serem grupo de risco. A presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia
Clínica, Clarissa Martins, avalia que o retardo no acompanhamento pode trazer graves consequências.
“No futuro, vamos observar aumento de casos graves que, devido ao atraso nos procedimentos, perdem a oportunidade de serem operados, ou mesmo de cura. Estudo do ‘The Guardian’ aponta que o Reino Unido terá 18 mil mortes a mais por câncer em 2021, e esse aumento pode se repetir no Brasil”, alerta.
Diante do possível agravamento da doença, a médica reitera a relevância da continuidade do tratamento, e aponta o uso de plataformas online como alternativa segura. “Recomendamos que a primeira consulta seja presencial para avaliar a necessidade de procedimentos, mas o resto pode ser por telemedicina, à exceção de pacientes em tratamento”, afirma. Segundo Clarissa, toda a comunidade oncológica se volta a entender e aliviar o medo dos pa
A primeira consulta é presencial para avaliar a necessidade de procedimentos”