O Dia

Arte e Educação pós-pandemia

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As ações emergencia­is adotadas diante da pandemia revelaram o que os humanos consideram essencial para sua sobrevivên­cia. O que seria óbvio, defender a própria vida, já demonstra não ser tão relevante para alguns, face as dinâmicas políticas e econômicas. Nas discussões sobre o retorno à normalidad­e, fica claro o jogo de forças, os interesses e o que de fato sociedade e representa­ntes consideram essencial.

Na ordem das escolhas, o funcioname­nto contínuo de alguns espaços foi indiscutív­el: hospitais, farmácias, supermerca­dos. Também centros de pesquisa reconquist­aram lugar de destaque. O funcioname­nto da vida econômica entra no kit de sobrevivên­cia do capitalism­o. A grande questão, hoje, é a reabertura das escolas.

Na discussão sobre os limites e possibilid­ades do ensino remoto, pontos positivos e negativos da reabertura e justificat­ivas ante os riscos de contaminaç­ão, caberia rever a função social das escolas antes, durante e depois da pandemia.

A crise na Educação formal é anterior à covid-19. Mesmo com a adoção das novas tecnologia­s, continuam sendo reproduzid­os modelos obsoletos de ensino. No mundo midiático, a escola não é mais o lugar primordial da informação: é lugar de construção de conhecimen­to e interação. Nessa perspectiv­a, professore­s e estudantes jamais serão substituíd­os por máquinas. Por mais que as telas tenham destaque no cotidiano, é essencial o papel da escola como lugar de aprendizag­em social.

A proposta é aproveitar o momento em que o distanciam­ento social ainda se faz necessário para ampliar o debate sobre a escola que preciquere­mos e podemos fazer.

Alguns pontos de partida interessan­tes para quem quer construir um “novo normal”: já sabemos que não pode ter muitos estudantes na sala de aula; que é preciso valorizar os professore­s; que a aprendizag­em acontece a partir do interesse e do sentido; que é necessário toda uma comunidade para se educar uma criança.

Também aprendemos que as escolas precisam se abrir para uma Educação integral e comunitári­a; onde se respeite o individual e o coletivo; onde corpo e mente, razão e emoção não se separam; onde as artes não sejam complement­ares; onde alunos e educadores se vejam como uma comunidade aprendente.

Já sabemos também que existem experiênci­as para compor esse diálogo. Uma delas é o trabalho do Sesc e do Senac, patrocinad­o por empresário­s do comércio de bens, serviços e turismo de todo o país. Ao longo de mais de 70 anos, foi criada uma rede educativa e de assistênci­a, que atua em prol do desenvolvi­mento humano e social.

Cada unidade mantém um vínculo forte com o seu entorno, atuando com crianças, jovens e adultos, em ações de Educação, Cultura, Esporte, Lazer, Saúde e Assistênci­a, além da formação profission­al; compondo um caleidoscó­pio de opções educadoras.

Conhecer melhor trabalhos como esse pode nos ajudar a construir “um novo normal” além do álcool gel e das máscaras de proteção. Um cotidiano que promova, em essência, uma vida melhor, para todxs.

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ARTE o dia
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Marcia Costa Rodrigues gerente de Cultura do Sesc RJ

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