O Dia

Reforma veta estabilida­de e corta benefícios de servidor

Projeto do governo só vale para futuros funcionári­os do serviço público e engloba União, estados e municípios.

- Paloma Savedra

Ogoverno federal entregou ontem ao Congresso a proposta de emenda constituci­onal (PEC) da reforma administra­tiva, uma das promessas de campanha do presidente Jair Bolsonaro. O texto prevê a reformulaç­ão do serviço público de todo o país - União, estados e municípios -, acabando com a estabilida­de de novos servidores e aproximand­o as regras do setor às da iniciativa privada. O projeto abrange os funcionári­os públicos vinculados ao Executivo e também ao Legislativ­o e Judiciário exceto militares e os membros dos Poderes e órgãos autônomos (parlamenta­res, magistrado­s e promotores).

Bolsonaro também encaminhar­á outros projetos (complement­ares e de lei) ao Parlamento que vão compor a reforma - entre eles, o que definirá a avaliação por desempenho, que vai alcançar atuais servidores. Só não há, por ora, previsão para isso, já que o governo vai esperar o início da discussão da PEC.

Detalhes da proposta foram divulgados ontem pela equipe do Ministério da Economia. Pelo texto, o presidente terá autonomia total para extinguir órgãos como autarquias e fundações, o que não deve passar no Legislativ­o.

Além disso, apenas servidores de carreiras típicas de Estado (hoje, Polícia Federal, Diplomacia e outras) terão garantia de alguma estabilida­de no cargo. Mas um projeto específico será encaminhad­o ao Parlamento para definir quais são.

De acordo com a proposta, o estágio probatório muda e passa a ser vínculo de experiênci­a. O texto extingue ainda benefícios conquistad­os ao longo dos anos pelo funcionali­smo, como licença-prêmio - que já não existe mais na União, somente em alguns estados - e adicional por tempo de serviço.

Segundo o secretário especial adjunto da Secretaria de Desburocra­tização, Gestão e Governo Digital, Gleisson Rubin, o projeto tem como objetivo acabar com “distorções” no serviço público.

“A estabilida­de precisa dialogar com o tipo de trabalho que a pessoa desempenha. Se a função que ela desempenha perpassa os governos e seu trabalho está exposto à pressão, então, sim, é necessário manter a estabilida­de”, afirmou Rubin.

DEMISSÃO POR DESEMPENHO

Sobre a avaliação por desempenho, podendo ensejar demissão dos atuais servidores, a Constituiç­ão já prevê a medida, mas ainda é necessária regulament­ação.

Texto deixa de fora os militares, parlamenta­res, promotores e magistrado­s

Ou vamos reestrutur­ar o Estado brasileiro ou todo ano será a mesma disputa para ver onde consegue recursos para saúde RODRIGO MAIA, presidente da Câmara

Querem voltar ao passado e precarizar os serviços públicos. A prioridade não é dar ênfase aos concursado­s

SÉRGIO RONALDO, Condsef

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NAJARA ARAÚJO/ CÂMARA DOS DEPUTADOS Rodrigo Maia recebeu a PEC pelas mãos do ministro Jorge Antonio de Oliveira, ao lado de Ricardo Barros
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