O Dia

Com votação apertada, Câmara rejeita processo de impeachmen­t

Por 25 votos a 23, base aliada barrou investigaç­ão sobre ‘Guardiões do Crivella’. Veja como votou cada vereador.

- Reportagem de Luana Dandara, Renan Schuindt e da estagiária Julia Noia

ACâmara dos Vereadores do Rio rejeitou, ontem, a abertura do processo de impeachmen­t contra o prefeito Marcelo Crivella. Ao todo, foram 25 votos contra e 23 a favor, com 1 abstenção e 2 ausências. Com isso, a denúncia foi arquivada.

O pedido, feito pela bancada do PSOL, foi motivado pelo uso de servidores comissiona­dos na porta de unidades de Saúde para impedir o trabalho de jornalista­s e intimidar a população a não criticar o serviço público, como revelou reportagen­s da TV Globo. Investigad­a também pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, a ação seria coordenada por meio de grupos no WhatsApp. O maior deles é batizado de ‘Guardiões do Crivella’.

A sessão da Câmara durou quase quatro horas, com a maior parte dos vereadores participan­do de forma remota. Outros, como Paulo Messina (MDB) e Marcello Siciliano (Progressis­tas), comparecer­am ao plenário.

Quem também esteve por lá foi o vereador Carlos Bolsonaro (sem partido), filho do presidente da República. Antes da discussão ser aberta, ele cumpriment­ou o presidente da Casa, Jorge Felippe (PSD), e cochichou algo em seu ouvido, mas logo depois foi embora. Carlos votou remotament­e contra o impeachmen­t.

A votação foi marcada por bate-boca entre apoiadores e opositores do prefeito. O vereador Leonel Brizola (PSOL) chegou a levantar cartazes de “Fora Milícia” e “Associação Criminosa” e “Fora Crivella”. “O que estamos discutindo aqui é a flagrante formação de uma milícia recrutada, paga pelo prefeito com dinheiro público para intimidar quem denunciar a incompetên­cia do prefeito”, disse Brizola.

A comparação do esquema dos guardiões com a milícia foi feita por outros parlamenta­res. A vereadora Tânia Bastos (Republican­os) rebateu e afirmou que “Crivella entra para a história como o prefeito mais perseguido e não houve corrupção no governo”.

Em nota, a Prefeitura do Rio informou que “segue trabalhand­o, tendo o interesse público como foco e, por isso mesmo, debatendo as iniciativa­s com transparên­cia junto à Câmara Municipal e seus vereadores, representa­ntes diretos da população”. Além disso, destacou que o grupo ‘Guardiões do Crivella’ não é institucio­nal e não se presta a organizar servidores para coibir a imprensa.

Qualquer ação na Câmara contra o Crivella não prospera. A questão dos guardiões só terá andamento no nível do Judiciário e do MP PAULO BAÍA, cientista político

O que o Crivella fez foi tentar esconder do povo o descalabro da Saúde pra tentar vencer as próximas eleições. Isso é desespero TARCÍSIO MOTTA, vereador

A Justiça vai definir o que é crime. Não vamos permitir que esse momento seja usado de forma oportunist­a pela oposição

JORGE MANAIA, vereador

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FOTOS GILVAN DE SOUZA Votação na Câmara para o impeachmen­t do prefeito Marcelo Crivella
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Carlos Bolsonaro compareceu ao plenário no início da sessão e cochichou com o presidente da Câmara

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