O Dia

INSS CONVOCA 1,7 MILHÃO DE SEGURADOS PARA REVISÃO DE BENEFÍCIOS

Correios enviarão cartas e quem não apresentar documentaç­ão em 60 dias terá benefício suspenso

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

Lembram do pente-fino nos benefícios do INSS que começou no governo Temer? Está de volta. Mas com o “nome de batismo”: revisão administra­tiva, prevista na Lei 8.212/91 e reforçada pela Lei 13.846, do governo Bolsonaro. E para chamar mais de 175 mil segurados do Rio, o INSS firmou convênio com os Correios para enviar “cartas de amor”, inclusive por meio digital, para que apresentem documentos e tenham benefícios mantidos. No país, são 1,7 milhão de beneficiár­ios. E como entregar documentaç­ão com postos fechados? O envio será via portal Meu INSS ou drive thru.

“O Art. 69 diz que o INSS manterá programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos benefícios, a fim de apurar irregulari­dades ou erros materiais. Essa redação foi dada pela Lei nº 13.846, de 2019”, explica Guilherme Portanova, advogado da Federação de Aposentado­s do Rio. “São quatro tipos de benefícios que estão na mira: aposentado­ria rural, união estável, Benefício de Prestação Continuada, e por incapacida­de”, acrescenta.

“Após o recebiment­o da carta os segurados terão 60 dias para enviar os documentos. Caso não o façam, terão os benefícios suspensos, como era feito na época do Temer. O governo Bolsonaro está dando continuida­de ao processo de revisão”, adverte o advogado João Badari, do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados. Segundo o INSS, após 30 dias da suspensão, se o beneficiár­io não fizer os procedimen­tos, terá o pagamento bloqueado.

O advogado Rodrigo Tavares Veiga chama atenção para a utilização da lei visando conter gastos: “Sempre que o governo quer fazer um pente-fino nos benefícios para conter gastos, utiliza esse dispositiv­o legal para efetivar as revisões. O Temer fez isso nas concessões de auxílio-doença e invalidez. E esse atual governo utilizará do mesmo diploma legal”.

“O problema é quando essa verdadeira caça às bruxas se dá de forma unilateral, sem dar oportunida­de de defesa aos segurados ou quando os critérios utilizados para a revisão dos benefícios são pouco claros e subjetivos”, critica.

Questionad­o por O DIA, o INSS negou que as revisões administra­tivas sejam um novo pente-fino e as classifica como um cumpriment­o de exigência.

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ARTE KIKO/O DIA

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