O balança, mas não cai do pastor prefeito
> O embarreiramento do terceiro processo de impeachment do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) ainda vai ecoar para além das paredes da Câmara dos Vereadores. “Eu acredito que a questão vai ter impacto na campanha eleitoral, mas na Câmara não teve a menor possibilidade, porque Crivella tem maioria consolidada e bem articulada, ao contrário do (governador Wilson) Witzel na Alerj”, destaca o cientista político Paulo Baía.
Já o cientista político Bruno Sobral sublinha que houve um claro desvio de conduta do prefeito, mas a discussão de impeachment na Casa foi precoce por falta de materialidade no Judiciário. “É inegável que o processo foi afobado, e é importante chamarmos atenção para que a situação pudesse ser conduzida da melhor forma. Agora que foi arquivado, tem mais dificuldade em ser recolocado em pauta”, afirma. Ele pontua, ainda, que poderíamos ter outro cenário se tivesse sido aberto um processo por improbidade administrativa.
O passado de Crivella na Prefeitura do Rio tem outros capítulos polêmicos. Em julho de 2018, ele garantiu facilidades para os fiéis, como preferência para realizar cirurgias de catarata, e que os “irmãos” presentes ao encontro precisariam apenas “falar com a Márcia”,
em referência a Márcia Nunes, assessora especial do prefeito. A fala sugeria furar a fila de cirurgias do Sistema de Regulação.Em setembro daquele ano foi instaurada uma CPI na Câmara dos Vereadores, mas nove meses depois o prefeito foi absolvido.
Em abril de 2019, a Câmara abriu o primeiro processo de impeachment contra o prefeito, com a denúncia de Fernando Lyra, fiscal da Secretaria de Fazenda. Ele apontava que Crivella cometera improbidade administrativa e crime contra a administração pública. Em junho do ano passado, o impeachment foi arquivado por 35 votos contra 13.