DE PERIFÉRICOS A
Ovestibular para o curso de medicina é um dos mais acirrados no Brasil, onde a relação candidato/vaga pode passar dos 300, dependendo da instituição escolhida. No caso do jovem de 25 anos, Igor Tavares, aluno do primeiro ano de medicina na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foram necessárias quatro tentativas para conseguir o tão sonhado espaço na universidade. Mas outro ponto da luta é a permanência na faculdade. São inúmeros desafios, como alto custo de livros e instrumentos, locomoção e alimentação, que se tornam percalços muitas vezes tão difíceis de serem superados quanto passar no vestibular.
Igor é morador do bairro Zé Garoto, em São Gonçalo e passou por essas dificuldades enquanto trabalhava fazendo “bico”, como personagem vivo em festas infantis, já foi DJ e dava aula de violão, dinheiro que ele ganhava para custear os seus estudos no curso pré vestibular. Quando ingressou na universidade, o jovem procurava outros aluno como ele: negros, de origem semelhante, de zonas periféricas, para que pudesse trocar vivências, mas na prática a situação foi diferente. Igor se viu em um local onde não se sentia representado, mas a partir daí buscou motivação para continuar sua jornada. “Eu percebi que não tenho uma referência na faculdade, então preciso me tornar essa referência para outras pessoas. Isso precisa ser mudado, eu sei que consigo chegar lá e preciso mostrar para os jovens de minha idade e de situação econômica social parecida com a minha, que é possível ser negro e médico”, pontua.
De acordo com pesquisa realizada pela Fiocruz, apenas 1,8% dos médicos no Brasil são negros em um país onde 55,8% da população é preta - segundo dados do IBGE. E para diminuir essa disparidade, Raiam Santos, um dos maiores empreendedores e especialistas