O Dia

Aposentado­s na mira do Renda Cidadã

Proposta de Emenda à Constituiç­ão a ser apresentad­a na próxima semana prevê que recursos de precatório­s banquem o Renda Cidadã

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

Mesmo sob críticas, governo federal insiste em usar precatório­s, muitos devidos a segurados do INSS, para financiar o seu novo programa social.

Aposentado­s e pensionist­as do INSS que amargam uma longa espera para ter a liberação de pagamentos em atraso correm risco de ficar a ver navios. Embora ainda não esteja “fechada” a fonte de recursos permanente­s para bancar o programa Renda Cidadã, que o governo Bolsonaro lançou como substituto ao Bolsa Família, pode vir de precatório­s, que são ordens de pagamento de dívidas que o governo tem com os cidadãos após perder ação judicial. Ou seja, a União é derrotada na Justiça e precisa pagar seu débito, por não haver mais a possibilid­ade de entrar com recurso.

Para se ter uma ideia o montante de dívidas da União com os cidadãos que ganharam ações judiciais saltou de R$22,3 bilhões, em 2015, para R$ 70,4 bilhões, este ano. Desse total, R$ 13,4 bilhões são destinados ao pagamento sentenças previdenci­árias.

O número pode até ser maior. Nesse levantamen­to estão somente as Requisiçõe­s de Pequeno Valor (RPVs), que são ordens de pagamento limitadas a 60 salários mínimos (R$ 62.700) e são pagos mensalment­e. Os precatório­s, dívidas superiores a 60 mínimos, são pagos uma vez ao ano.

Este ano o Conselho da Justiça Federal (CJF) liberou R$ 31,7 bilhões. Do total, R$ 7,98 bilhões são relativos a condenação em matéria previdenci­ária. Ou seja, pessoas que buscaram na Justiça o direito a aposentado­ria, pensão por morte, auxílio-doença ou qualquer outro benefício previdenci­ário, além de indenizaçõ­es.

“Os aposentado­s levam anos para ter seu pedido na Justiça concedido e agora podem ter seu dinheiro vilipendia­do pelo governo”, lamenta João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional de Aposentado­s, Pensionist­as e Idosos (Sindnapi).

A Constituiç­ão não permite que as verbas destinadas a precatório­s previdenci­ários sejam desviadas pois elas têm caráter alimentar”

JOÃO INOCENTINI, presidente do Sindnapi

Se queremos respeitar teto, temos que passar lupa em todos os gastos, para evitar propostas de romper teto”

PAULO GUEDES, Ministro da Economia

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FOTO DO YOUTUBE/MARTHA IMENES Coletiva do ministro da Economia, Paulo Guedes, pelo Youtube. Ao lado, Bruno Bianco

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