O Dia

Pedágio bom é pedágio justo

- Marcelo Marques

Opedágio correspond­e à tarifa para um veículo atravessar regiões, que restitui custos de construção, manutenção da via e de serviços de emergência. No Rio de Janeiro, a Lamsa cobrava o pedágio urbano mais caro do mundo por quilômetro rodado daqueles que precisavam trafegar pela Linha Amarela. Uma carreta, por exemplo, chegava a pagar R$ 90 de pedágio, na imprescind­ível tarefa de transporta­r alimentos e demais produtos essenciais.

Tudo isso porque, no 9º Termo Aditivo, assinado com a gestão passada na Prefeitura do Rio, foi excluído o fluxo de veículos da equação econômico-financeira do contrato com o município - garantindo à Lamsa, a concession­ária da Linha Amarela, um faturament­o de R$ 1 milhão por dia e o exorbitant­e lucro de 36,84% sobre o valor do investimen­to, muito acima dos 10,9% previstos no contrato inicial de concessão, de 1994.

O prefeito Marcelo Crivella, desde o primeiro momento de sua atual gestão, orientou e acompanhou auditorias para corrigir essa injustiça no bolso dos usuários da via. Conseguiu, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que a prefeitura assumisse a Linha Amarela e imediatame­nte determinou o fim de qualquer cobrança de pedágio durante a pandemia. Cabe destacar, inclusive, que, de acordo com a Controlado­ria Geral do Município (CGM), os ganhos da Lamsa com a Linha Amarela são suficiente­s para que a concessão já tivesse se encerrado em 2015.

Vamos a um exemplo de fora do Rio de Janeiro, a título de comparação. No Paraná, as concession­árias Viapar e Caminhos do Paraná, que administra­m trechos de rodovias federais, foram obrigadas, por iniciativa do Ministério Público Federal (MPF), a reduzir o valor do pedágio cobrado dos usuários em 19,02% e 25,77%, respectiva­mente. Também foi proibida a celebração de novos aditivos que beneficias­sem as concession­árias.

ao Rio, o contrato com a Lamsa passou por 11 aditivos, que prorrogara­m de dez para 40 anos seu prazo de vigência. Além disso, o 11º Termo Aditivo definiu obras em que a concession­ária aplicou sobrepreço de 150%. Nem todas essas obras chegaram a ser realizadas, conforme constatado pela CPI da Linha Amarela na Câmara de Vereadores, que aprovou por unanimidad­e a encampação da via pela Prefeitura do Rio.

As auditorias feitas por determinaç­ão do prefeito Crivella apontaram que o prejuízo aos cofres públicos, em decorrênci­a dos aditivos 9 e 11, supera

R$ 1,6 bilhão. Esse montante seria suficiente para comprar cerca de 1,2 mil tomógrafos, manter por seis anos as UPAs do Município, reformar 1,6 mil escolas ou tapar 107 milhões de buracos medindo 1m x 1m.

Desvendada­s as irregulari­dades, a atual gestão da Prefeitura do Rio trabalhou em prol da lisura do contrato e do bolso dos cidadãos, responsáve­is por manter os cofres públicos. Ao final, a decisão do Superior Tribunal de Justiça, que autorizou a encampação pelo município, veio não só confirmar as provas apresentad­as pela prefeitura como dar fim ao pedágio mais caro do mundo.

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