Sem consenso, rede privada retoma aulas
Escolas como a Miraflores, em Laranjeiras, reabriram. Mas sindicatos de professores resistem ao retorno presencial.
As escolas particulares do Município do Rio puderam voltar a receber alunos, ontem, após decisão unânime do Tribunal de Justiça, na quarta-feira. Segundo o Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe), cerca de 20% das instituições retomaram as aulas presenciais. O retorno é opcional e depende dos diretores. Entre os profissionais da educação, o clima ainda é de incerteza. O Sindicato dos Professores do Município do Rio (Sinpro -Rio) vai debater o retorno em assembleia, amanhã.
Mãe dos pequenos Heitor, de 7 anos, e Lucas, 9, Viviane Arantes levou os filhos ao Centro Educacional Miraflores, em Laranjeiras. “Explicamos a eles a importância de cumprir os protocolos (máscara, lavar as mãos, não tocar no rosto nem nos amigos) e até o momento acho que está funcionando bem”.
Lucas Werneck, diretor do Sinepe-Rio, acredita que o retorno foi de 20%, — são cerca de 2.400 escolas particulares no Rio. Ele acredita que até a semana que vem todas já estarão com aulas presenciais. “As instituições tomaram pé da situação perto das 16h de quarta-feira, se preparando para a parte física. Nem todas tiveram tempo de voltar. O que eu tenho comentado é que no nosso entendimento, todas as escolas já estariam abertas hoje, embora a gente já tenha um número significativo”, comentou Werneck.
PROFESSORES INSEGUROS
Uma assembleia virtual amanhã, convocada pelo
Sinpro-Rio, vai decidir as os profissionais continuam em estado de greve pela saúde. Por enquanto, a avaliação da classe é de que o retorno põe em risco funcionários e seus familiares. Muitos se sentem pressionados pelos diretores. “A pressão em cima dos professores é muito grande”, comenta Osvaldo Teles, presidente do sindicato. “A orientação nossa é que os professores continuem (em greve). Os institutos de saúde dizem que o Rio ainda não está seguro. Escolas são aglomerações. É como se fossem milhares de praias abertas ao mesmo tempo. Alguns com mais condições, outros com menos”, opina Teles. O sindicato estima que o Rio tenha 35 mil professores.
A pediatra Daniela Piotto aponta que não se pode “ensinar para as crianças que a escola é a grande vilã da pandemia”. “Recentemente, houve um aumento no número de casos no Rio, mesmo com as escolas fechadas. Isso só reforça que não existe um local livre do risco de contágio. É importante pais e professores conversarem sobre as mudanças da rotina escolar”, afirma a médica.
A orientação nossa é que os professores continuem (em greve). Os institutos de saúde dizem que o Rio ainda não está seguro
OSVALDO TELES,
presidente do Sinpro-Rio