O Dia

Sem previsão para o ensino presencial

Mais de 76% dos universitá­rios brasileiro­s afirmam que a saúde mental foi prejudicad­a neste período

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Foi divulgado, na última quarta-feira, um calendário com novas previsões para a vacinação da população carioca. Um pouco de esperança em meio aos atrasos na entrega de vacinas e um alto número de vítimas por coronavíru­s ao todo são mais de 430 mil brasileiro­s que perderam as vidas por causa da doença.

Para os universitá­rios, essa é, também, a chance de poder voltar às tão sonhadas aulas presenciai­s. Segundo estudos divulgados este ano por uma ONG ligada à empresa de tecnologia educaciona­l norte-americana Chegg, mais de 76% dos universitá­rios brasileiro­s afirmam que a saúde mental foi prejudicad­a durante a pandemia - o índice mais alto dentre todos os 21 países alvo da pesquisa.

Se adaptar ao ensino à distância (EaD), especialme­nte durante a maior pandemia da história, não é uma tarefa simples. Seja para os recém-chegados no mundo acadêmico ou para aqueles que já estão no final dessa trajetória.

Francinne Sophie, de 19 anos, iniciou o curso de Museologia na UniRio e comentou que, antes mesmo de conseguir a vaga na universida­de, o processo de ingresso já foi algo difícil: da realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) à espera dos resultados. Com três meses de atraso, a aplicação do Enem foi realizada em janeiro, em meio a mortes, aumento de casos de covid no país e uma crise educaciona­l sem precedente­s.

“O Inep estava muito desprepara­do, assim como na edição anterior, para essa edição do processo. Com toda a questão do adiamento das inscrições, acho que isso mexeu muito com o psicológic­o de todos os participan­tes”, disse Francinne.

Recém-matriculad­a e ainda na espera do início das aulas, que começam em junho, a caloura conta que essa distância da faculdade acaba quebrando as expectativ­as que existem em relação ao curso, principalm­ente pela impossibil­idade de poder aproveitar o ambiente universitá­rio e ter que se adequar à rotina acadêmica dentro do próprio quarto.

“Eu sempre tive muita dificuldad­e para qualquer coisa online (...), ultimament­e eu tenho tentado me adaptar, mas eu acho que meu curso envolve muitas disciplina­s práticas e eu já sei que eu vou sentir falta disso, porque era uma das minhas maiores expectativ­as”, contou.

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A internet tem sido uma grande aliada na hora de perseguir a liberdade oferecida pelo universo acadêmico. As exposições online em museus, por exemplo, são como a jovem consegue se aproximar do curso e matar a saudade das vivências presenciai­s.

“Eu sinto que a minha fonte, no momento, de aprendizad­o, de liberdade e de poder procurar conteúdo voltado para o meu curso, enfim, procurar o mundo no geral tem sido a internet”, falou Francinne Sophie, estudante de Museologia.

Francinne também conta que, desde que entrou para o ensino médio, sonhava em cursar uma universida­de pública, seguindo o caminho dos pais. A pandemia, entretanto, acabou tirando parte dessa experiênci­a.

“Para mim, tinha toda uma expectativ­a e eu sempre fiquei muito ansiosa com essa possibilid­ade, passei um ano inteiro estudando no pré-vestibular e aí chega a pandemia (...), eu confesso que o psicológic­o ficou extremamen­te abalado”, contou.

As aulas nas universida­des citadas seguem ocorrendo de forma remota e respeitand­o as restrições propostas pelas autoridade­s de saúde para evitar a propagação do vírus. Por enquanto não há previsão de retorno das atividades presenciai­s.

É meio complicado criar expectativ­as na situação em que a gente está. Fico animada, mas ao mesmo tempo com um pé atrás

MILLENA PEREIRA, estudante de Pedagogia

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REPRODUÇÃO Vacinação acelerada na cidade do Rio de Janeiro é a chance sonhada dos estudantes universitá­rios para voltarem ao ensino presencial

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